TRECHOS DO LIVRO
Messias, envaidecido com a façanha, sorria de orelha a orelha, mas, antes de tirar o couro do animal, com seu punhal de duas lâminas para ornamentar a parede da sala, chamou para registrar esse feito seu tio Sebastião Borges, o fotógrafo da região que registrava, com sua máquina Kodak, as paisagens, festejos e eventos corriqueiros do lugar. Esse fato passou a fazer parte das histórias de caçadores que passavam por ali levando histórias e lendas além das fronteiras de Maravilha, enriquecendo seu acervo verbal e literário popular. Nesse lugar, havia homens de astúcia ímpar, como o próspero Herculano, que contratava camaradas para trabalhar em suas terras em troca de um bom salário, e os pagava nos final de semana. No entanto, ardiloso como uma cobra surucucu, sempre pensando em levar vantagem, ele havia meticulosamente preparado a arapuca para pegar os trabalhadores da roça, e, para tanto, montava todo final de semana um pequeno cassino em sua casa, com bebidas à vontade. Depois de efetuar o pagamento dos camaradas, convidava-os para a jogatina, onde, com sua experiência em traquinagem, limpava as lebres, como ele chamava os incautos camaradas, deixando-os duros e endividados, por um bom tempo e tendo de trabalhar quase de graça para ele.
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