TRECHOS DO LIVRO. O GRANDE ASSALTO
S ão exatamente 22 horas. Uma moto possante da
marca HALLE CHANG, de fabricação chinesa, deixa a
garagem fora da delegacia, com seu som peculiar chamando a
atenção de quem passa na calçada. Pilotando a moto, um
motoqueiro de cabelos longos. Sua roupa de couro tem o
símbolo da gangue Chang. Parece mais um dos milhares de
motoqueiros que habitam a cidade de Rosário, onde se situa a
fábrica chinesa de motos. O motoqueiro cruza toda cidade em
direção ao Bairro Marrom. Entra pela Rua Negro Monte, a
principal do bairro, as luzes de LED iluminam as fachadas das
boates e dos vários prostíbulos onde mulheres e travestis se
oferecem como mercadoria em lojas de departamento de luxo,
com etiquetas de preços com código de barras colado ao corpo.
Nas vitrines se expõem, é a tecnologia a serviço da
prostituição. Mulheres e homens passam escolhendo o que vão
comprar. Escaneiam as suas compras para saber detalhes sobre
a mercadoria, idade, sexo, origem. Dados inseridos no código
de barras.
As bancas de drogas funcionam nas ruas como bancas
de jornal e revistas, iluminadas e com caixas eletrônicos do
lado para saques. O lugar mais seguro da cidade de Rosário
para os caixas eletrônicos dos bancos era, por incrível que
pareça, o Bairro Marrom. Nenhum caixa eletrônico até aquele
momento tinha sido arrombado. Era o código de honra dos bandidos,
respeitado até por assaltantes de banco. Só dinheiro
vivo era aceito nas boates, bares e casas do prazer, como se
chamavam os antigos prostíbulos.
Todas as boates mostram uma fachada que mais parece
ser de casas de show. Filas se formam em suas portas todas as
noites, as ruas estão cheias de carros importados,
provavelmente de traficantes e mafiosos. Há bares em todas as
esquinas, pode-se sentir o cheiro de cocaína no ar. Nenhum
vestígio de polícia. Sente-se que tudo se permite na ausência da
lei. É visível.
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