Quem sou eu

Minha foto
São minhas palavras perpetuando histórias. Revivendo as memórias de coisas que nunca vi. São minhas palavras que criam esse mundo misterioso, do real ao ficcional. COSTA, JOÃO. MEU PENSAR , CONTOS , PROSAS E POEMAS 2 (02) . Edição do Kindle.

quarta-feira, 28 de maio de 2014

O GRANDE ASSALTO O DECLÍNIO DO PODER


TRECHOS DO LIVRO. O GRANDE ASSALTO




S ão  exatamente  22  horas.  Uma  moto  possante  da
marca  HALLE  CHANG,  de  fabricação  chinesa,  deixa  a
garagem fora da delegacia, com seu som peculiar chamando a
atenção  de  quem  passa  na  calçada.  Pilotando  a  moto,  um
motoqueiro  de  cabelos  longos.  Sua  roupa  de  couro  tem  o
símbolo  da  gangue  Chang.  Parece  mais  um  dos  milhares  de
motoqueiros que habitam a cidade de Rosário, onde se situa a
fábrica chinesa de motos. O motoqueiro cruza toda cidade em
direção  ao  Bairro  Marrom.  Entra  pela  Rua  Negro  Monte,  a
principal do bairro, as luzes de LED iluminam as fachadas das
boates  e  dos  vários  prostíbulos  onde  mulheres  e  travestis  se
oferecem como mercadoria em lojas de departamento de luxo,
com etiquetas de preços com código de barras colado ao corpo.



Nas  vitrines  se  expõem,  é  a  tecnologia  a  serviço  da
prostituição. Mulheres e homens passam escolhendo o que vão
comprar. Escaneiam as suas compras para saber detalhes sobre
a mercadoria, idade, sexo, origem. Dados inseridos no código
de barras.
As bancas de drogas funcionam nas ruas como bancas
de  jornal  e  revistas,  iluminadas  e  com  caixas  eletrônicos  do
lado  para  saques.  O  lugar  mais  seguro  da  cidade  de  Rosário
para  os  caixas  eletrônicos  dos  bancos  era,  por  incrível  que
pareça, o Bairro Marrom. Nenhum caixa eletrônico até aquele
momento  tinha  sido  arrombado.  Era  o  código  de  honra  dos bandidos,
 respeitado até por assaltantes de banco. Só dinheiro
vivo  era  aceito  nas  boates,  bares  e  casas  do  prazer,  como  se
chamavam os antigos prostíbulos.  
Todas as boates mostram uma fachada que mais parece
ser de casas de show. Filas se formam em suas portas todas as
noites,  as  ruas  estão  cheias  de  carros  importados,
provavelmente de traficantes e mafiosos. Há bares em todas as
esquinas,  pode-se  sentir  o  cheiro  de  cocaína  no  ar.  Nenhum
vestígio de polícia. Sente-se que tudo se permite na ausência da
lei. É visível. 

Nenhum comentário: