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São minhas palavras perpetuando histórias. Revivendo as memórias de coisas que nunca vi. São minhas palavras que criam esse mundo misterioso, do real ao ficcional. COSTA, JOÃO. MEU PENSAR , CONTOS , PROSAS E POEMAS 2 (02) . Edição do Kindle.

sábado, 17 de maio de 2014

O GRANDE ASSALTO O DECLÍNIO DO PODER

Trechos do livro O GRANDE ASSALTO O DECLÍNIO DO PODER

Aos favelados, o governo prometia casas no Bairro
Marrom, para onde o tráfico já havia se transferido quando os
morros foram pacificados.
O governo juntou os moradores ao tráfico mais uma
vez, demonstrando a sua incapacidade de planejamento quando
se tratava de política social.
A educação de nível transformador não era prioridade,
só se ensinava o básico, o sistema de cotas só favorecia os
negros, os pobres de origem branca eram preteridos. A inclusão
social se dava através de programas de conteúdo primário, não
visava a ganhos futuro na área do conhecimento de nível
superior. A transformação por investimento em conhecimento e
domínio da tecnologia e cultura era aquém do esperado para
um estado que pretendesse sair do atraso nessas áreas.
Desta forma, os jovens moradores não foram incluídos
em nenhum programa de desenvolvimento educacional de
grande porte e voltaram a vender CDs piratas em novos
camelódromos no Bairro Marrom onde não eram incomodados
por negociarem suas mercadorias longe do centro de Rio de
Rosário, não interferindo assim no comércio da classe média.
Ser reféns do tráfico virou rotina para estes jovens. Os
traficantes se sentiam menos incomodados e continuavam
abastecendo com drogas de toda espécie a classe alta e média
da cidade. Aos pobres viciados em drogas só restava o crack, a
sub-droga que matava cada vez mais rápido em todo país, não
dando muito trabalho ao governo que considerava um caso
perdido investir na recuperação destas vítimas do tráfico.
Por este motivo, o governo de Rosário criou lugares na
periferia onde se permitia o uso indiscriminado da droga letal.
O governo também desenvolveu um sistema rápido de
remoção de corpos. Os cadáveres encontrados ao relento eram
retirados imediatamente e levados para o crematório municipal.
Um sistema ágil, não dando tempo à imprensa de fazer
qualquer reportagem a respeito das dezenas de corpos de
jovens abandonados. O procedimento não deixava pistas e só
aumentava a estatística de desaparecidos. As mães de Rosário
choravam o desaparecimento dos seus filhos, consumidos pelo
vício, sem uma “Praça de Maio” ou uma causa lógica,
choravam em qualquer canto da cidade e em qualquer beco do
Bairro Marrom.
Rio de Rosário vive um momento perigoso e decadente
na área social devido a má administração ao longo dos anos.
Em uma das manchetes do jornal, um juiz corajoso, parecendo
ser a única voz dissonante diz que a corrupção cresce por culpa
do judiciário e o dinheiro da área social some no ralo da
corrupção. Uma constatação que todos Sabiam, mas não se
tomava nenhuma providência.
O delegado Malone lia tudo isto nauseado e incrédulo.
Com tanta incompetência, o seu conceito de democracia e
conquistas sociais estava a léguas de distância do governo para
o qual ele trabalhava.

O Grande Assalto



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