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São minhas palavras perpetuando histórias. Revivendo as memórias de coisas que nunca vi. São minhas palavras que criam esse mundo misterioso, do real ao ficcional. COSTA, JOÃO. MEU PENSAR , CONTOS , PROSAS E POEMAS 2 (02) . Edição do Kindle.

domingo, 31 de agosto de 2014

TRAPAÇAS DO DESTINO CAUSA E EFEITO

O pequeno
jornaleiro, que caminhava tranquilamente pela calçada com
seus jornais a tiracolo, anunciando as manchetes com seu
chamado peculiar “EXTRA, EXTRA”. Surpreendido pela
freada brusca, ele interrompeu seu chamado para a manchete
do dia, o susto o fez engolir as palavras que davam ênfase à
sua chamada “extra, extra, bandido da luz vermelha ataca de
novo’’, quase deixando seus jornais caírem no chão. A fumaça
tomou conta do ambiente e um cheiro de borracha queimada
impregnou o ar, fazendo tossir o pequeno jornaleiro. O carro
parou enfrente ao cinema Odeon, que exibia o filme 007
contra o Fantástico Dr. No. A porta do carro se abriu e uma
jovem foi empurrada para fora dele. Ela saiu tropeçando
na mala que fora jogada logo a seguir sobre ela e quase se
chocou com a foto do ator Sean Connery no cartaz que estava
emoldurado na vitrine do cinema com cara de agente secreto
e conquistador, mas “com licença para matar empunhando
sua arma em uma praia paradisíaca

sábado, 30 de agosto de 2014

O MENINO QUE QUERIA VOAR


Contagiado por sua verve, o poeta caminhava por essas bandas, registrando no seu caderno. Ele versejava e deleitava-se encantado com a beleza no caminho para Avelar. “Nessa terra tem palmeiras, castanheira, imbuia e jacarandá, alamedas de ipê roxo e o florido jequitibá. Seus rios de águas límpidas alimentam o bisbilhar de riachos que embalam nossos sonhos ao anoitecer. Também tem aves de canto, como canta o sabia. Não há dia em que não me encante com o furor lírico do canário-da-terra e a sua perfeita sinfonia no ar. Enche-me de alegria o fugaz festim de andorinhas no céu a bailar. Nessa terra onde devagar vai-se longe, caminho feliz, lentamente percebo que o esse pássaro Vira Campo ajuda a semear o seu fruto, e, ainda que lentamente, percebo que há mais vida na imbaúba, onde a habita a preguiça desfrutando do seu banquete alimentar. Logo adiante, resistentes e imponentes, construídas sobre os galhos do pau-brasil, há casas de joão-de-barro perfeitas para morar. Em meu devaneio de tanta beleza fitar, fico envaidecido e mergulho no meu soberbo delírio, pois meu olhar deslumbra-se mais ainda com o vigor do vermelho- sangue, da flor do pé de Mulungu onde descansam as maitacas em algazarra, ao revoar.
Em busca de uma fantasia para sobreviver, o menino, muito cedo, aprenderá a voar.

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

O MENINO QUE QUERIA VOAR



TRECHOS DO LIVRO

Messias, envaidecido com a façanha, sorria de orelha a orelha, mas, antes de tirar o couro do animal, com seu punhal de duas lâminas para ornamentar a parede da sala, chamou para registrar esse feito seu tio Sebastião Borges, o fotógrafo da região que registrava, com sua máquina Kodak, as paisagens, festejos e eventos corriqueiros do lugar. Esse fato passou a fazer parte das histórias de caçadores que passavam por ali levando histórias e lendas além das fronteiras de Maravilha, enriquecendo seu acervo verbal e literário popular. Nesse lugar, havia homens de astúcia ímpar, como o próspero Herculano, que contratava camaradas para trabalhar em suas terras em troca de um bom salário, e os pagava nos final de semana. No entanto, ardiloso como uma cobra surucucu, sempre pensando em levar vantagem, ele havia meticulosamente preparado a arapuca para pegar os trabalhadores da roça, e, para tanto, montava todo final de semana um pequeno cassino em sua casa, com bebidas à vontade. Depois de efetuar o pagamento dos camaradas, convidava-os para a jogatina, onde, com sua experiência em traquinagem, limpava as lebres, como ele chamava os incautos camaradas, deixando-os duros e endividados, por um bom tempo e tendo de trabalhar quase de graça para ele.

terça-feira, 26 de agosto de 2014

TRAPAÇAS DO DESTINO CAUSA E EFEITO

TRECHOS DO
LIVRO.

Marcos dizia para sua mãe que
José tinha o direito de se manifestar, pois era um rapaz do
mundo e, portanto, diferente deles, tendo as suas razões de
ser autêntico, pois viviam em um país livre e democrático.
José estudava inglês sem muito entusiasmo e mantinha seus
cabelos longos, diferenciando-os de Marcos, que era mais
comportado e frequentava lugares mais recatados e festas em
clubes locais, enquanto José se enturmara com o pessoal do
colégio, sonhava em ser um Bob Dylan e conhecia bandas
de rock nas suas andanças quando não estava em companhia
da família Albuquerque, que era mais conservadora, mas não
interferia nas suas escolhas.
Os três anos se passaram sem nenhum problema.

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

O GRANDE ASSALTO O DECLÍNIO DOPODER

O Grande Assalto
23
Malone tinha em mente um projeto social para quando
se aposentasse: inserir jovens drogados e abandonados pelo
estado em um programa de grande porte na área educacional.
Já discutira esta possibilidade com sua mulher, Olga, que
elaborava um meio de levantar fundos com grupos que se
sensibilizavam com a situação em que viviam os jovens sem
rumo, como o marido os denominava. O delegado sabia que
necessitaria de muito dinheiro, pois seu projeto não visava
somente amparar estes jovens, mas sim proporcionar-lhes
conhecimento, um bom nível escolar e profissional, com a
autoestima elevada para vencerem na vida. Razão pela qual
pensava em lançar um título para capitalizar o seu projeto
ambicioso e caro.
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Toca o despertador às seis e meia. É uma quinta-feira
de uma manhã chuvosa. Um daqueles dias em que não se deve
sair de casa. O delegado Antunes Malone acorda, beija a sua
mulher. Vai até a janela do quarto que fica no segundo andar
da sua casa no Bairro Azul, desloca ligeiramente a cortina,
observa por um instante a chuva que cai. Faz um alongamento,
segue para o banheiro e liga o chuveiro.
Enquanto a água esquenta, olha no espelho e o que vê é
um homem cansado. Sua viagem a Paris não foi o bastante para
descansar. O dia a dia tem sido estressante nos últimos tempos.
Ele não lamenta, foi a vida que ele escolheu. Seus dois filhos
estudam no exterior, o que pra ele era um conforto, havia muita
violência na cidade. Sua profissão era de risco e com os filhos
estudando em outro país, ficava mais tranquilo, era menos uma
preocupação na sua vida diária.
Malone imagina como será a sua primeira manhã daqui a sete messes, tempo que falta para sua aposentadoria.

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

O GRANDE ASSALTO O DECLÍNIO DO POFER

O Grande Assalto
59
O motoqueiro se dá por satisfeito. Não valia a pena
naquele momento ariscar mais a sua vida naquele covil de
bandidos. Aproveita que o barman se distrai com outro cliente,
paga a sua bebida de caviar com uísque, de 50 dólares a dose,
pega a sua moto e sai do Bairro Marrom, cruza de volta a
cidade, depois de 40 minutos chega à garagem do prédio no
centro de Rosário. Desliga o motor da HALLE CHANG, sobe
o elevador, salta no quinto andar, pega sua chave e entra no
apartamento n° 08, abre o guarda-roupa e começa a tirar e
guardar o seu personagem de motoqueiro. Em seguida pega seu
terno de corte italiano, põe sobre a cama, tira sua peruca de
rabo e coloca em uma caixa. Encaminha-se para o banheiro,
toma um banho e volta a ser o delegado Malone.
Conheceu melhor seu inimigo e sabia que ele operava
no submundo do crime organizado, era um agente duplo que
usava o privilégio de trabalhar tanto para o governo local
quanto para a agência internacional o que lhe dava uma
tremenda vantagem para acobertar os seus crimes.
O delegado descobriu que Osmar usava os traficantes
para assalto a bancos e depois os descartava. Usava os
bandidos como “boi de piranha” e se vangloriava junto aos
organismos internacionais como se atuasse no combate ao
narcotráfico, ludibriando a todos. Malone agora sabia qual era
a fraqueza do detetive Osmar. Intensifica suas investigações
com o intuito de prender algum assaltante vivo que tivesse
ligações com ele e pudesse ser usado como isca para Osmar.

terça-feira, 19 de agosto de 2014

TRAPAÇAS DO DESTINO CAUSA E EFEITO

Viva da melhor maneira possível, siga seu instinto, alimente
seu cérebro com coisas boas”. Por trinta e cinco anos, José
Francisco não pensou diferente: a rua era sua casa, sua mãe
biológica não existia, não tinha como encontrar seus parentes
biológicos, tarefa impossível para ele, não havia aquém recorrer
ou que ele conhecesse para buscar ajuda. Sem contar com
seus pais adotivos que o esquecera para sempre e ele passou
a aceitar placidamente resignado com seu destino. Depois de
um bom tempo nas ruas longe das pressões diárias da sua
mãe adotiva ele passou a sentir uma mudança repentina e
estava evoluindo mentalmente, e naquele momento tinha a
noção exata de que a vida estava lhe pregando uma peça.
tempo passara e ele não havia encontrado a formula certa de
como reagir ou superar aquela situação adversa.