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São minhas palavras perpetuando histórias. Revivendo as memórias de coisas que nunca vi. São minhas palavras que criam esse mundo misterioso, do real ao ficcional. COSTA, JOÃO. MEU PENSAR , CONTOS , PROSAS E POEMAS 2 (02) . Edição do Kindle.

quarta-feira, 2 de maio de 2018

TEMPOS DE TRAIÇÃO POSSUÍDOS POR AMBIÇÃO

Não se preocupe, Venâncio, quando você cumprir sua missão todos se reunirão à sua volta para sacramentar sua aceitação. Eu sou o iniciador da sua aceitação, seu padrinho esta noite.
Lancarto abriu a porta e uma única luz de vela iluminava o quarto escuro e sombrio. Lancarto entrou primeiro. No fundo do quarto, dois sacos de algodão manchados de barro vermelho estavam amarrados com cordas, e pelo formato pareciam conter corpos de seres humanos inertes. Uma mesa de madeira rústica e seis cadeiras decoravam o local, na estante de alvenaria e madeira vários livros grossos de cor negra ornamentavam as prateleiras, com bolas de cristal e cruz de ferro. O brasão da família adornava a parede.
Venâncio já não sentia mais o mesmo medo de antes, somente um zumbido tomava conta do seu ouvido esquerdo. Lancarto lhe ofereceu outra taça do licor de cor barrenta; ele bebeu dessa vez sem perguntar nada. Lancarto mandou que ele se sentasse à mesa, serviu uma taça com o licor, que ele mesmo bebeu de frente para os dois sacos. Iniciava-se um ritual.
Com olhar fixo em Venâncio, Lancarto o rodeava com duas cruzes de ferro nas mãos como se estivesse o benzendo. Fez isso por doze vezes, até que parou repentinamente. Venâncio foi colocado no centro de uma roda de velas acesas. O calor tomou conta do seu corpo, e ele se sentiu como estivesse flutuando sobre o fogo, parecia que seu corpo não lhe pertencia mais. Viajando num turbilhão de luzes, uma voz penetrou em seu cérebro com cantos de sedução. Se viu mergulhando em rios de ouro, subindo num pedestal, e de novo a voz penetrou em sua mente o convocando de volta ao seu ritual.
Lancarto surgiu à sua frente com dois punhais em mãos. Depois, os colocou nas mãos de Venâncio e mandou que ele os segurasse firme pelo cabo de madrepérola. Instintivamente, Venâncio pegou os punhais e os segurou com força. Seus olhos estavam fora de órbita, ele não se governava mais. Lancarto ordenou:
- Faça, faça, faça!
Venâncio levantou-se e dirigiu-se aos dois sacos, passando sobre o fogo das velas como se elas não existissem. Os dois sacos de linhagem que pareciam conter os corpos humanos estavam inertes. Venâncio ergueu os braços até a cabeça, as lâminas brilharam sob a luz das velas acesas, e em movimentos rápidos ele apunhalou os sacos várias vezes. O sangue começou a surgir em todos os furos, e Venâncio foi acometido por uma tremedeira incontrolável. Lancarto o segurou pelos braços, lhe deu duas bofetadas, e o colocou de novo sentado com sua roupa toda ensanguentada

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