Temendo por sua vida, padre Francesco sugeriu que
ele mudasse seu nome, para sua sobrevivência e também porque o ajudaria a se
infiltrar nas fazendas, aproveitando que sua aparência de maltrapilho e barbudo
o ajudaria a se passar por moradores locais, que por motivo religioso cultivavam
grandes barbas.
Os paranaenses, moradores daquele vilarejo, apesar
de serem descendente de imigrantes europeus, levavam uma vida simples baseada
na agricultura familiar; não visavam o lucro nem exploravam a mão de obra
escrava, e eram considerados os mais pobres naquela região; eles não tinham
conhecimento das lutas e não se envolviam com os revolucionários de San José.
A família passou duas noites se revezando de
esconderijo: durante o dia permaneciam na igreja, e à noite dormiam no estábulo.
Com a mesma aparência dos locais, eles conseguiriam sair de San Paranhos nas caravanas.
Antes de Chacon partir, o padre Francesco tentara convencê-lo a deixar seu
filho no mosteiro para que eles cuidassem e o educassem. Chacon relutou por um
instante e consultou sua mulher Mercedes, que estava apreensiva e temerosa com
a infiltração que teriam que fazer na caravana comandada por inimigos.
A ideia de abandonar o filho lhes cortava o coração.
Sem coragem para tomar uma decisão, com a voz embargada e os olhos já
lacrimejando, se fecharam para um momento de reflexão. Mercedes pediu a Chacon
para pensar por alguns instantes. Agachou-se perto do seu filho e o acariciou. Seu
rosto sofrido deixava transparecer a dor desse momento, mas seu instinto de
preservação a levava a concorda com o padre Francesco; o medo de perder o filho
era maior do que a vontade de tê-lo a seu lado. Aquela mulher tinha consciência
do perigo constante, então tomou coragem e disse com a voz embargada a Chacon:
- Para protegê-lo, será melhor deixar o menino
Venâncio com o padre Francesco, para ser educado, como fizera com você, que foi
bem criado pelos jesuítas e franciscanos, tendo uma boa educação. Hoje, você é
bem preparado para no futuro, quem sabe, poder assumir posição importante no
país.
O padre Francesco lembrou a Chacon que seu filho
teria a companhia de uma prima, pois havia no mosteiro uma sobrinha da sua
esposa, chamada, como a tia, Mercedes, que estava sendo educada e criada por eles
depois que seus pais desapareceram nas prisões de San José. Antes de Chacon e
sua mulher responderem concordando com o padre Francesco, Venâncio se levantou chorando,
agarrou-se nas pernas do pai, e disse que fugiria do mosteiro, que não queria
ser padre. Chacon olhou para Francesco e balançou a cabeça negativamente, percebendo
que seu filho não aceitaria
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