Rio de Rosário é uma cidade turística cuja característica principal é o legado cultural deixado pelo seu passado de capital do país há mais de quinhentos anos, com belos museus, teatros e bons hotéis. Além da renda advinda do turismo, a cidade estava tentando ser a maior exportadora de rosas do hemisfério sul, tendo tal produto sido inserido havia pouco tempo na política e floricultura do Estado. Também havia certa euforia, nos meios de comunicação, para se melhorar a segurança pública. Depois de longos anos investindo na compra de tecnologias para combater o narcotráfico, o uso da força ainda era o carro-chefe do governo, causando um clima de guerra na cidade e aumentando o índice de mortes entre civis e policiais. Os confrontos não tinham hora para acontecer, se davam à luz do dia e assustavam a população de madrugada. Mesmo com inúmeros confrontos, o número de traficantes presos era ridículo e a maioria se evadia antes de a polícia chegar. Geralmente eram avisados antes das operações acontecerem e isso deixava uma pergunta no ar: o governo realmente queria reduzir o tráfico de drogas ou simplesmente queria os traficantes habitando outro lugar, longe dos olhares da classe média, da elite e da mídia? A mídia, tendenciosa, recebia alto valor investido pelo Estado em propagandas de sua autopromoção e não dispensava esse valor mesmo que estivesse fazendo falta a hospitais e a escolas públicas, tal como revelavam suas próprias reportagens. O delegado se indignava com as filas dos doentes nos hospitais por escassez e falta de remédios, leitos e médicos, e ficava horrorizado ao saber que escolas estavam caindo aos pedaços
MC Jr., João. Jogo Sujo: Cidade do Crime (Locais do Kindle 377-389). Ponto Vital. Edição do Kindle.
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