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São minhas palavras perpetuando histórias. Revivendo as memórias de coisas que nunca vi. São minhas palavras que criam esse mundo misterioso, do real ao ficcional. COSTA, JOÃO. MEU PENSAR , CONTOS , PROSAS E POEMAS 2 (02) . Edição do Kindle.

sábado, 23 de julho de 2016

JOGO SUJO CIDADE DO CRIME



O início da nova jornada
Toca o despertador às 6h30. É quinta-feira de uma manhã chuvosa, um daqueles
dias em que não se deve sair de casa. O delegado Antunes Malone acorda, beija a
mulher e vai até a janela do quarto, que fica no segundo andar de sua casa no bairro
Azul. Desloca ligeiramente a cortina e observa, por um instante, a chuva que cai. Em
seguida, faz um breve alongamento na sala, vai para o banheiro e liga o chuveiro.
Enquanto a água esquenta, olha-se no espelho e o que vê é um homem cansado. Sua
viagem a Paris não fora suficiente para descansar seu corpo e sua mente. O dia a dia tem
sido estressante nos últimos tempos, com noticiários divulgando ameaças de meteoros
vindos contra a Terra.
A cobrança por resultados é também constante, mas Malone não o lamenta.
Afinal, havia sido a vida que escolhera para si. Poderia ser economista como seu irmão,
mas tinha lá suas razões quanto ao capitalismo selvagem contra seu país e supunha não
dar certo em tal carreira. Talvez poderia seguir a medicina tal como seu pai, mas ele
mesmo acabou morrendo por um erro médico e Malone pensava com seu botões:
“Ainda bem que os meus dois filhos estudam no exterior e escolheram ser cientistas”.
Para ele isso era um conforto, até porque havia muita violência em Rio de Rosário. Sua
profissão era de risco e, com os filhos estudando em outro país, Malone ficava mais
tranquilo e com menos uma preocupação em sua vida.
Malone imagina como seria sua primeira manhã após sete meses. Não precisaria
correr para o banheiro nem escovaria rapidamente os dentes, podendo tomar relaxante
banho na sua casa de campo e desfrutando da hidromassagem que somente sua mulher
usufruía quando subiam a serra aos fins de semana. Já na cidade, aqui ela tinha toda
manhã a seu dispor. Formada em Artes Plásticas e Literatura e diretora do Museu de
Arte Contemporânea, Olga era o equilíbrio na sua vida e Malone pensou sobre isso
antes de sair.
Na delegacia, como sempre, um café frio o esperava.
O sentido de responsabilidade não é comum nos dias de hoje, contudo o
delegado Antunes Malone sempre levou a sério sua profissão. Acabou de ser transferido
para uma nova delegacia, o que ele considerava um castigo de final de careira e também
um desafio e uma missão

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