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São minhas palavras perpetuando histórias. Revivendo as memórias de coisas que nunca vi. São minhas palavras que criam esse mundo misterioso, do real ao ficcional. COSTA, JOÃO. MEU PENSAR , CONTOS , PROSAS E POEMAS 2 (02) . Edição do Kindle.

sexta-feira, 20 de maio de 2016

JOGO SUJO CIDADE DO CRIME

TRECHO DO LIVRO.          BROCHURA
Aviso
Se você não gosta de pôr em dúvida suas virtudes e é desprovido dessa
chama e não tem coragem de encarar seus medos, e se, igualmente, não
aceita questionamentos sobre a ética, considere tal mudança ao ler este
livro.
E-BOOK

O delegado Antunes Malone chega ao pátio da delegacia, salta do carro e tenta
abrir o guarda-chuva automático que não funciona. Ele desiste e segue andando na
chuva. Na entrada Malone é quase atropelado por policiais comandados pelo detetive
Romão, que saíam apressados em decorrência de um roubo de carro seguido de morte.
O delegado sente que o dia começou quente, apesar da chuva. Ao pensar, ele é
bombardeado por um pombo que, com sua pontaria certeira, atinge seu excremento no
ombro de Malone. O delegado olha para o céu cinzento e simplesmente acompanha o
voo do pombo, que finalmente pousa no parapeito do prédio da delegacia. A ave inclina
a cabeça e olha o delegado, como se quisesse adverti-lo de alguma coisa. Embora as
superstições não fizessem parte de sua vida, Malone pensa: “É apenas um bombo
branco, representa a paz, não é um corvo, que dizem ser a ave do mau agouro”. Em
seguida, conclui que aquela não era a sua manhã de sorte.
O delegado caminha até o banheiro, tira a camisa, limpa o bombardeio do
pombo, anda até sua mesa e percebe que tudo está desarrumado, provavelmente por
obra de um bisbilhoteiro. Compreende que não poderia guardar nada de importante ali,
nem deixar nada à mostra na delegacia. Afasta-se da mesa, pega o jornal e vai até a
cafeteira automática, que havia semanas não funcionava bem. Apesar de suas várias
reclamações, nada foi feito. Malone pega o café frio, folheia o jornal e vê que as
primeiras manchetes são desanimadoras. O assalto a uma joalheria fere cinco pessoas no
centro da cidade, há registro de outro assalto a banco na periferia, pedófilo é linchado
pela família da criança, entre outras matérias chocantes. O delegado muda a página
tentando achar notícias melhores, abre os cadernos de Economia e de Política e as
manchetes também não o agradam. Fala-se da crise mundial e de mais um escândalo de
desvios de verba no país

terça-feira, 17 de maio de 2016

sexta-feira, 13 de maio de 2016

O MENINO QUE QUERIA VOAR

TRECHOS DO LIVRO.

 Essas visões só desapareciam ao chegar perto do cemitério dos jesuítas. Horas mais tarde, após encerrarem seus relatos, todos iam para uma pista de jogo, montada na própria estrada, onde faziam suas apostas nos jogos de malha e cuspe a distância. Isso, claro, depois de mascarem fumo de rolo ou fumarem seus cigarros de palha de milho, pois davam uma excelente gosma para a competição. A jogatina durava até o entardecer, quando começaria a ladainha habitual com as mulheres rezadeiras, que iam embora após benzer o local onde aconteceria o baile. A festa varava a noite, com grupos de sanfoneiros de várias regiões, especialmente vindos de Arcozelo e Avelar, que animavam o popular arrasta-pé. A ordem era mantida pelo xerife Werneck, amante da literatura francesa, influência da mãe de origem francesa. Era um homem respeitado, que mantinha todos dentro do mais perfeito regime da boa conduta e da respeitabilidade nos bailes. Sempre trajando sua inseparável capa preta, chapéu de Cowboy, dois punhais, um de cabo de madrepérola e outro cravejado de
pedras vermelhas, que pareciam ser rubis, armas que ele se vangloriava de terem pertencido ao Conde de Monte Cristo, personagem de Alexandre Dumas. O xerife dizia que Dumas era um ancestral da família. E para os menos esclarecidos, que era um personagem de ficção. Levava na cintura uma garrucha de dois canos, que intimidava os pistoleiros, mas quase sempre resolvia os entreveros no pescoção e dedo no gatilho. Dominava os poucos, mas pertinazes arruaceiros, levando-os para a prisão de Paty, onde permaneciam até o dia seguinte para curar suas bebedeiras no xilindró. Contavam os velhos sábios da região, com o entusiasmo que lhes era peculiar, jurando por tudo que era mais sagrado, como a caninha do dia a dia, que não era lenda e sim fato real, que no mês de agosto a figueira mais exuberante da estrada de Maravilha, onde todos passantes desfrutavam da sua sombra para descansar, relaxando de uma jornada estafante, misteriosamente, se transformava nas noites de lua cheia. E seus moradores não podiam passar embaixo da figueira centenária na estrada 

quarta-feira, 11 de maio de 2016

O MENINO QUE QUERIA VOAR

O tempo parecia não passar e se sentia um prisioneiro do destino. Naquela circunstância, a vida estava sempre na contramão, a incerteza conduzia a vida, estacionava os sonhos, em nuvens de tempestade. A realidade era dura e cruel e as perspectivas de uma vida melhor eram algo distante. Com tanta coisa desfavorável, somente seu amigo Guilherme conseguia acreditar ou querer um futuro melhor para o menino. Nem mesmo o menino compartilhava da mesma fé que movia seu amigo. A vida de Guilherme ainda era muito pior. Apesar do seu barraco ser próprio e, aparentemente, ter uma situação mais confortável, ele se sentia mais preso àquela realidade do que o menino. Por ser oriundo daquele lugar, não tinha como sonhar.


O menino, sem seu poder de voar, olhava deprimido o tempo passar. Não havia nenhuma beleza para contemplar, não havia cor nos barracos cinzentos, de madeira envelhecida. Não mais ouvia o zumbir das abelhas, nem poderia correr nos caminhos sob as sombras do jequitibá ou pé de mulungu. Apenas constatava a ausência de flores nos becos ou quintal. Seus intentos eram quase inúteis. Moradia, saneamento, educação, salário... tudo era somente promessa do governo e nada mais. Nada se concretizava no tempo. Sem esperança, chorava.


TRAMA DA VIDA

Eram exatamente 4h30 da manhã, o silêncio só era quebrado pelo vento uivante da madrugada. E nessa casa de dois andares estilo colonial, si...