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São minhas palavras perpetuando histórias. Revivendo as memórias de coisas que nunca vi. São minhas palavras que criam esse mundo misterioso, do real ao ficcional. COSTA, JOÃO. MEU PENSAR , CONTOS , PROSAS E POEMAS 2 (02) . Edição do Kindle.

quarta-feira, 11 de maio de 2016

O MENINO QUE QUERIA VOAR

O tempo parecia não passar e se sentia um prisioneiro do destino. Naquela circunstância, a vida estava sempre na contramão, a incerteza conduzia a vida, estacionava os sonhos, em nuvens de tempestade. A realidade era dura e cruel e as perspectivas de uma vida melhor eram algo distante. Com tanta coisa desfavorável, somente seu amigo Guilherme conseguia acreditar ou querer um futuro melhor para o menino. Nem mesmo o menino compartilhava da mesma fé que movia seu amigo. A vida de Guilherme ainda era muito pior. Apesar do seu barraco ser próprio e, aparentemente, ter uma situação mais confortável, ele se sentia mais preso àquela realidade do que o menino. Por ser oriundo daquele lugar, não tinha como sonhar.


O menino, sem seu poder de voar, olhava deprimido o tempo passar. Não havia nenhuma beleza para contemplar, não havia cor nos barracos cinzentos, de madeira envelhecida. Não mais ouvia o zumbir das abelhas, nem poderia correr nos caminhos sob as sombras do jequitibá ou pé de mulungu. Apenas constatava a ausência de flores nos becos ou quintal. Seus intentos eram quase inúteis. Moradia, saneamento, educação, salário... tudo era somente promessa do governo e nada mais. Nada se concretizava no tempo. Sem esperança, chorava.


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