O
tempo parecia não passar e se sentia um prisioneiro do destino. Naquela
circunstância, a vida estava sempre na contramão, a incerteza conduzia a vida,
estacionava os sonhos, em nuvens de tempestade. A realidade era dura e cruel e
as perspectivas de uma vida melhor eram algo distante. Com tanta coisa
desfavorável, somente seu amigo
Guilherme conseguia acreditar ou querer um futuro melhor para o menino. Nem
mesmo o menino compartilhava da mesma fé que movia seu amigo. A vida de
Guilherme ainda era muito pior. Apesar do seu barraco ser próprio e,
aparentemente, ter uma situação mais confortável, ele se sentia mais preso àquela
realidade do que o menino. Por ser oriundo daquele lugar, não tinha como
sonhar.
O
menino, sem seu poder de voar, olhava deprimido o tempo passar. Não havia
nenhuma beleza para contemplar, não havia cor nos barracos cinzentos, de
madeira envelhecida. Não mais ouvia o zumbir das abelhas, nem poderia correr
nos caminhos sob as sombras do jequitibá ou pé de mulungu. Apenas constatava a
ausência de flores nos becos ou quintal. Seus intentos eram quase inúteis. Moradia, saneamento, educação,
salário... tudo era somente promessa do governo e nada mais. Nada se
concretizava no tempo. Sem esperança, chorava.
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