Quem sou eu

Minha foto
São minhas palavras perpetuando histórias. Revivendo as memórias de coisas que nunca vi. São minhas palavras que criam esse mundo misterioso, do real ao ficcional. COSTA, JOÃO. MEU PENSAR , CONTOS , PROSAS E POEMAS 2 (02) . Edição do Kindle.

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

O GRANDE ASSALTO O DECLÍNIO DO PODER

Ribeiro não queria acreditar. Estava demorando pra cair
a ficha. Não que ele fosse inocente ou tão idiota, longe disso,
ele mesmo já tinha se locupletado algumas vezes, mas não com
tanto risco, a ponto de dar cobertura a bandidos.
- Se for verdade, vai ser difícil. Como vamos resolver a
parada?
- É isso, Ribeiro. Você que viver como herói ou viver como
corrupto? Ser preso, sua família vai se envergonhar de você,
seu filho e sua mulher terão que mudar de endereço.
Ribeiro pensou várias situações em segundos, inclusive,
pouco se preocupava com sua mulher, mas seu filho estudava
em um bom colégio, custava caro. Ele e Juliana, sua amante,
não mereceriam. Até porque a sua amante era sobrinha de um
padre celebridade na cidade, com grande influência no governo
local e ele tinha planos. Ribeiro preferia pequenos delitos. Seu
lema? De grão em grão eu banco a Juliana.
- Taí, chefe. Tô dentro. Qual o plano? – Pergunta o detetive
como se fosse um lance pessoal e não uma operação policial.
- Você dirige e eu fotógrafo até onde der, sinto um cheiro
podre no ar e precisamos de provas. - Conclui o delegado,
pegando a máquina fotográfica.

sábado, 13 de dezembro de 2014

O GRANDE ASSALTO O DECLÍNIO DO PODER


O GRANDE ASSALTO O DECLÍNIO DO PODER












Malone convoca Osmar para ir a sua sala. E trava um
diálogo não muito conclusivo. O delegado dirige-se a ele:
- Sei que você é um crápula, mas o que me impressiona é a sua
frieza assassina e inescrupulosa. Você se revelou um grande
ator. Vamos tirar a máscara agora.
- Desculpe chefe, mas não há máscara. Somos o que somos,
não precisamos de máscara. O esquema já estava montado, se
você não gosta, não interfira e acaba tudo bem. Não me
preocupa se não vai querer a sua parte ou não, vai sobrar mais
pra mim. Quando você chegou, já imaginava a sua atitude.
Todos falam a mesma coisa no início, mas com o tempo, todos
entram no esquema. Esta é a minha maneira de trabalhar e não
existe volta. Se eu cair, cai muita gente comigo! - Ameaça o
detetive, aumentando a voz.
- Você pensa que me envolveu num esquema, no qual eu não
pedi para entrar. - Afirma o delegado com o dedo na cara do
detetive.
- Lamento, mas o esquema é este, delegado. Há mais gente do que
você pensa, e se mexer, será como efeito dominó, cai todo mundo..
- Sinto que você se sente dono da situação, Osmar. Você acha que
está acima da lei, tomou conta da delegacia aproveitando-se
desta doença endêmica e confiando na impunidade, mas
comigo será diferente, eu garanto. - E continua.- Vai à merda.
Eu não estou neste esquema, não entro neste esquema, não
quero este dinheiro sujo. Fui bem claro seu filho da...? - Corta a
frase, quase perdendo o controle da situação.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

O GRANDE ASSALTO O DECLÍNIO DO PODER

O GRANDE ASSALTO O DECLÍNIO DO PODER


Manhã seguinte
Cidade Rio de Rosário, ano 2015, 07:00 hs.
No saguão hotel BIG HILTON, no bairro dourado da
cidade, um senhor de terno de cor cinza-grafite, Armani Chang,
aparentando 70 anos, de cabelos grisalhos e bigode bem
aparado, com uma maleta metálica fixada a uma algema no
braço, dirige-se ao balcão de atendimento, pergunta pela
reserva de um apartamento, em nome de Germano Malone. A
bela e simpática recepcionista, sorridente, dirige-se ao hóspede,
pede um minuto e checa no computador.
- Sim, temos uma reserva para o Embaixador Germano
Malone.


O embaixador salta do elevador no quarto andar e
percorre um longo corredor com carpete vermelho. Nas
paredes, réplicas de quadros do período renascentista. Germano
toca a campainha do apartamento 406, vizinho ao apartamento
408, um homem entreabre a porta discretamente e diz: - Ok,
Ribeiro tudo em ordem, fique atento! – Rapidamente se
despedem. O Embaixador faz um sinal positivo, abre a porta do
apartamento 408 e entra. Verifica o interior do apartamento,
retira a algema que prende a maleta a seu braço e a coloca
dentro de um armário. Abre a maleta, retira três latas de
refrigerantes e coloca no frigobar.
Dez minutos depois, um táxi para em frente ao hotel.
Dois rapazes saltam, esperam o motorista abrir o bagageiro do
carro, retiram dois embrulhos em formato de quadro. Com suas
mochilas nas costas, entram no hotel. O embrulho em formato
de quadro chama a atenção da recepcionista. Ela se posiciona
em frente a uma colega, demonstrando interesse em atendê-los.
Eles chegam. Logo, o mais afoito, loiro e parecendo ser o mais
velho, pergunta à recepcionista se o Embaixador Germano
Malone está hospedado naquele hotel.
Ela confirma. Ele pergunta se ele deixou algum recado
para eles. A recepcionista pede o nome dos rapazes e os libera
para subir. E diz:
- O apartamento é o 408. Elevador à esquerda, senhores. - Os
rapazes não agradecem, parecem apressados. A recepcionista
pega o telefone e discretamente avisa o Embaixador.
Os dois rapazes saltam do elevador e olham em todas as
direções. Parecem desconfiados. Chegam ao apartamento 408.
Um deles coloca o ouvido na porta tentando ouvir alguma
coisa. Esperam alguns segundos e batem à porta.
Germano abre a porta e os recepciona com um sorriso.
- Até que enfim chegaram! Faz um ano e três horas que espero
ansiosamente por estas maravilhas

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

TRAPAÇAS DO DESTINO CAUSA E EFEITO



TRAPAÇAS DO DESTINO CAUSA E EFEITO

Marcos Albuquerque Fernandes estava com doze anos,
e morando nos Estados Unidos da América. Ele e seu pai
passeavam pela Disneylândia, andavam na montanha russa,
faziam compras e almoçavam. Seu pai estava um pouco
agitado e toda hora pegava no braço de Marcos, que já se
sentia incomodado e lhe indagava se estava passando bem,
pois parecia nervoso. Seu pai desconversou e o convidou para
tomar o sorvete que ele mais gostava: sundae de morango
com chantilly. Com essa atitude, eles se descontraíram. Toda
essa ansiedade de Roberto tinha um motivo, nesse dia ele
pretendia contar ao Marcos um segredo, que perdurara por
doze anos.







Ano 1963.
O jardineiro
dava uma pausa ao seu trabalho para apreciar o avião da
Panair pousar no Aeroporto Santos Dumont, sonhando que
um dia iria embarcar em um deles e poder levantar voo rumo
à sua cidade natal no Nordeste, onde alguém o aguardava.
Enquanto ele sonhava com o seu retorno, seguia em frente
assoviando as músicas de sua predileção, que alegravam
seu coração nostálgico. Nessa mesma manhã de primavera
sobre o Morro do Pão de Açúcar, um acanhado raio de sol
surgia entre nuvens sobre a baía da Guanabara e iluminava
o bondinho do Pão de Açúcar parado entre as estações.
Enquanto não amanhecia o símbolo maior da cidade, era
como uma miragem sobre a montanha

domingo, 7 de dezembro de 2014

TRAPAÇAS DO DESTINO CAUSA E EFEITO

TRECHOS DO LIVRO







TRAPAÇAS DO DESTINO CAUSA E EFEITO



A tropa passou por ela posicionando-se em direção ao
Aeroporto Santos Dumont. Ela recompôs-se, respirou fundo,
tentando manter o equilíbrio do seu corpo e de sua emoção.
Depois de descansar por mais alguns minutos nas escadarias
do prédio do Ministério do Trabalho, ela reuniu a pouca força
que lhe restava, respirando fundo e segurando a sua imensa
barriga, pois teria de seguir em frente. Seu aspecto físico
impressionava os poucos transeuntes que olhavam para sua
barriga imensa, e ironicamente se perguntavam o que seria
dessa pobre criatura desamparada, mas sem nada fazerem
para ajudá-la.
Consciente do seu estado e sabendo que estava só nesse
mundo desconexo, contava apenas com seu esforço, nessa
jornada descomunal.






A noite chegou, as lojas se fecharam e o brilho das luzes
de Natal se apagou. As ruas foram ficando desertas, poucos
carros circulavam pela presidente Vargas, e pouco a pouco
cidade se apagou. Desiludida, ela caminhava cabisbaixa com
um aperto em seu coração, meio perdida na multidão que se
aglomerava em pontos de ônibus para retornar às suas casas.
Ela seguiu olhando as lojas de roupas infantis que ainda se
mantinham acesas, e as vitrines com manequins de crianças
vestidas para noite de festas. Seus olhos brilhavam mareados
enquanto acariciava sua barriga. As músicas das lojas de discos
haviam embalado seus sonhos distantes de sua realidade.
Desilusões momentâneas tomaram conta daquela jovem, que
experimentava as agruras de viver ao relento, mas talvez já
estivesse escrito que ela teria de prosseguir, pois, afinal, de
todas essas penitências que o dia lhe preparava, ela sempre
encontrava uma saída. Isso porque, nesse momento, a vida
estava lhe preparando para superar a adversidade, e quem
sabe se o destino depois de lhe mostrar onde ficava o abismo
talvez já a estivesse testando, para mudar a sua direção. Nesse
momento, ela faria sua caminhada, rumo ao aconchego da
Praça Paris, onde poderia dormir protegida por figuras de
J o ã o M C . J r
3 1
animais em mármore Carrara e sob a sombra das estatuas e a
figura do Marechal Deodoro, que à noite se transformava em

seu guardião.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

TRAPAÇAS DO DESTINO CAUSA E EFEITO

Depois de alguns minutos de conversa
sobre o seu trabalho, fez-lhe elogios pela sua eficiência e lhe
ofereceu uma promoção para função de arrumadeira e um
aumento. Ela aceitou, mas a pobre jovem não sabia que por
trás dessa proposta viria outra. Ela logo percebeu que seriam
feitas outras propostas, dessa vez de forma acintosa.
Sem falar,o dono do hotel deixou claro o que ele pretendia. Com seu
gesto de suposto bom patrão, estava claro que ela teria de
aceitar suas carícias para subir de posto, o que ele insinuou
logo ao começar a pegar em suas mãos e em seguida e a fazer
elogios à cor da sua pele, que grosseiramente dizia ser cor de
jambo. Não tirava os olhos das pernas da jovem. Em seguida,
Juan, em um gesto rápido, a abraçou, tentando puxá-la para
cama e beijá-la. Com esse assédio, ele estava deixando bem
claro que ela teria de fazer favores sexuais para permanecer
no trabalho. Indignada, ela não pensou duas vezes reagindo
ao assédio do congênere dom Juan. Ela desvencilhou-se do
seu abraço de tamanduá e o empurrou, tirando-o de cima
dela e o jogando no chão. Sem reação, Juan ficou sentado
como um idiota malsucedido, com cara de pastel, olhando
a jovem pegar somente um cobertor de listras azuis com que
se cobria e sair porta afora somente com a roupa do corpo,
deixando o pouco que tinha para trás, por estar apressada e
com medo de que viesse lhe ocorrer o pior.
Depois desse dia sua vida, voltou à estaca zero, “como era
a referência de quem começaria tudo de novo’’. Desiludida,
ela voltou a perambular pelo centro do Rio de Janeiro.
J o ã o M C . J r
2 5