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São minhas palavras perpetuando histórias. Revivendo as memórias de coisas que nunca vi. São minhas palavras que criam esse mundo misterioso, do real ao ficcional. COSTA, JOÃO. MEU PENSAR , CONTOS , PROSAS E POEMAS 2 (02) . Edição do Kindle.

domingo, 7 de dezembro de 2014

TRAPAÇAS DO DESTINO CAUSA E EFEITO

TRECHOS DO LIVRO







TRAPAÇAS DO DESTINO CAUSA E EFEITO



A tropa passou por ela posicionando-se em direção ao
Aeroporto Santos Dumont. Ela recompôs-se, respirou fundo,
tentando manter o equilíbrio do seu corpo e de sua emoção.
Depois de descansar por mais alguns minutos nas escadarias
do prédio do Ministério do Trabalho, ela reuniu a pouca força
que lhe restava, respirando fundo e segurando a sua imensa
barriga, pois teria de seguir em frente. Seu aspecto físico
impressionava os poucos transeuntes que olhavam para sua
barriga imensa, e ironicamente se perguntavam o que seria
dessa pobre criatura desamparada, mas sem nada fazerem
para ajudá-la.
Consciente do seu estado e sabendo que estava só nesse
mundo desconexo, contava apenas com seu esforço, nessa
jornada descomunal.






A noite chegou, as lojas se fecharam e o brilho das luzes
de Natal se apagou. As ruas foram ficando desertas, poucos
carros circulavam pela presidente Vargas, e pouco a pouco
cidade se apagou. Desiludida, ela caminhava cabisbaixa com
um aperto em seu coração, meio perdida na multidão que se
aglomerava em pontos de ônibus para retornar às suas casas.
Ela seguiu olhando as lojas de roupas infantis que ainda se
mantinham acesas, e as vitrines com manequins de crianças
vestidas para noite de festas. Seus olhos brilhavam mareados
enquanto acariciava sua barriga. As músicas das lojas de discos
haviam embalado seus sonhos distantes de sua realidade.
Desilusões momentâneas tomaram conta daquela jovem, que
experimentava as agruras de viver ao relento, mas talvez já
estivesse escrito que ela teria de prosseguir, pois, afinal, de
todas essas penitências que o dia lhe preparava, ela sempre
encontrava uma saída. Isso porque, nesse momento, a vida
estava lhe preparando para superar a adversidade, e quem
sabe se o destino depois de lhe mostrar onde ficava o abismo
talvez já a estivesse testando, para mudar a sua direção. Nesse
momento, ela faria sua caminhada, rumo ao aconchego da
Praça Paris, onde poderia dormir protegida por figuras de
J o ã o M C . J r
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animais em mármore Carrara e sob a sombra das estatuas e a
figura do Marechal Deodoro, que à noite se transformava em

seu guardião.

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