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São minhas palavras perpetuando histórias. Revivendo as memórias de coisas que nunca vi. São minhas palavras que criam esse mundo misterioso, do real ao ficcional. COSTA, JOÃO. MEU PENSAR , CONTOS , PROSAS E POEMAS 2 (02) . Edição do Kindle.

quarta-feira, 11 de março de 2015

TRAPAÇAS DO DESTINO CAUSA E EFEITO

TRAPAÇAS DO DESTINO CAUSA E EFEITO


TRECHOS DO LIVRO












No bairro da Glória um jardineiro chegou à Praça Paris e começava seu trabalho preocupado com as nuvens negras que cobriam a cidade, pois eram um mau sinal naquela manhã de primavera e poderiam atrasar seu trabalho. Sua responsabilidade era manter o jardim bem conservado e preservar o traçado e a elegância daquela praça inspirada em um jardim parisiense. Ele, com sua habilidade de um artista,esculpia figuras de animais nas plantas ornamentais e nos pés de fícus, usando toda sua imaginação. Orgulho do bairro da Gloria, a Praça Paris era uma referência no bairro desde a sua inauguração em 1926, em que as flores nunca deixaram de florir junto às esculturas de felinos em mármore Carrara, que agregava valor ao espaço em conjunto com a exuberante estátua equestre do Marechal Deodoro da Fonseca em bronze, onde pombos rebeldes defecavam manchando a imagem da ilustre figura histórica,  fazendo com que o fiel jardineiro madrugasse para limpá-la
antes da vistoria do prefeito






















Augusto Rocha olhou desconfiado aquele cesto parecido com
os de sua loja, em que ela guardava os pães, só que aquele
parecia ter vida própria. Por um instante, ele relutou em
mexer no embrulho dentro do cesto feito de pano encardido.
Uma fraca luz do poste de iluminação deixava uma pequena
parte daquele rostinho à mostra. Seus olhos brilhavam com o
reflexo da luz, e a criança aumentava o choro, percebendo a
sua aproximação. Nervoso, ele olhou ao redor, para certificar-se
da presença de alguém que pudesse estar observando-o,
mas aparentemente não havia qualquer viva alma além dele
na rua naquele momento. Ele abriu ligeiramente a tampa do
cesto, levantou os trapos que envolviam aquela pequena e
frágil criança e, de imediato, encantou-se com os olhos que
brilhavam na escuridão e com o rosto do pequenino anjinho,
como já pensava Augusto ao olhar aquele frágil ser. A criança
esboçou um sorriso e ao vê-lo parou de chorar, e Augusto
ficou ainda mais nervoso. Ele chegou a tremer de emoção e
rapidamente procurou proteger o pequenino ser, abraçando
a cesta de vime e levando-a para dentro da loja, com todo
cuidado. Augusto não resistiu ao seu encanto, e, já mais calmo,
pensou: “Seria este um presente de Deus?” Há dez anos,
Otávio Augusto tentava ter um filho com sua esposa Helena.
Não sabia se o problema era dele ou dela; eles evitavam fazer
um exame para não haver constrangimento de nenhum dos
dois.

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