TRAPAÇAS DO DESTINO CAUSA E EFEITO
Ela não tinha raiva dele, mas bem lá
no fundo da sua alma a dor contida a devorava por dentro. Ela
era tomada por esse sentimento de perda de ter sido violada,
desrespeitada. Era tudo muito confuso em sua mente de
adolescente imatura, e talvez por esse motivo, antes do ato
proibido, ela como jovem que era até nutria certa admiração
por ele, mas tinha a noção da distância que os separava em
todos os sentidos. Por isso, não alimentava nenhum sonho.
Era apenas admiração de uma jovem por um homem mais
maduro, bonito, elegante e poderoso. Talvez tenha sido esta
sua inocência que deixara transparecer, esse quase fascínio.
A jovem caminhava lentamente na Praça Tiradentes,
e alguns pombos brancos alçavam voo sobre sua cabeça.
Ela parou indecisa em frente ao teatro Carlos Gomes,
sem a noção exata para onde seguir. Seus pés doíam dentro
do seu sapato Anabela gasto e com o salto deformado,
que lhe tirava o equilíbrio. Ela ficou por alguns segundos
parada na esquina pensando para onde ir, e estava tão
distraída com seus pensamentos confusos que
não percebeu a aproximação de um senhor de terno escuro
e gravata branca e sapatos bicolor, com seu perfume barato
exalando pelos poros e olhar matreiro sobre ela. Sem que ela
percebesse, num gesto sutil, ele a segurou pelo braço, puxando-a
para perto dele. Numa abordagem direta.
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