COLEÇÃO
VIAGENS NA FI C Ç Ã O
O MENINO QUE QUERIA VOAR
Um livro vai para além de um objeto. É um encontro entre duas pessoas
através da palavra escrita. É esse encontro entre autores e leitores que a
Chiado Editora procura todos os dias, trabalhando cada livro com a dedicação
de uma obra única e derradeira, seguindo a máxima pessoana “põe tudo
quanto és no mínimo que fazes”. Queremos que este livro seja um desafio
para si. O nosso desafio é merecer que este livro faça parte da sua vida.
chiadoeditora.com
Brasil | Portugal | Angola | Cabo Verde
Avenida da Liberdade
Nº 166, 1º Andar
1250-166 Lisboa
Portugal
o Morro do Fama. Seu condutor coloca a cabeça para fora
VIAGENS NA FI C Ç Ã O
O MENINO QUE QUERIA VOAR
Um livro vai para além de um objeto. É um encontro entre duas pessoas
através da palavra escrita. É esse encontro entre autores e leitores que a
Chiado Editora procura todos os dias, trabalhando cada livro com a dedicação
de uma obra única e derradeira, seguindo a máxima pessoana “põe tudo
quanto és no mínimo que fazes”. Queremos que este livro seja um desafio
para si. O nosso desafio é merecer que este livro faça parte da sua vida.
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Portugal
e respira fundo para sentir o aroma do campo e o frescor
da manhã. Logo adiante, já no topo, ele para o carro em
um recuo da estrada e tenta saltar, mas é contido pelo
pesado tráfego de caminhões que cruzam a sua frente,
disputando espaço com motos e carro de passeio. Ele,
pacientemente, aguarda relaxado dentro do carro, prepara
sua máquina fotográfica e espera o trânsito diminuir para
que possa usufruir da paisagem do vale que descortinava
à sua esquerda. Minutos depois, ele sai do carro e procura
um lugar mais acima, subindo o barranco com alguma
dificuldade, por não ser mais tão jovem. Além disso, tem
o cuidado de certificar-se se a vegetação está firme no
solo, tendo noção do perigo e que não pode arriscar-se a
uma queda no penhasco, pois estava só naquele momento.
Cautelosamente, ele agarra-se à vegetação rasteira
até atingir uma pequena árvore que parece ser uma
castanheira. Ele pensa que gostaria de ter o poder de voar
para não precisar gastar tanta energia para subir o Morro
do Fama e desfrutar como os pássaros de uma visão aérea
do vale, mas, infelizmente, não tem mais esse poder.
Então, como todo ser humano, ele chega exausto e relaxa
à sombra da frondosa, mas ainda pequena árvore, que dali
a alguns anos atingirá sua plenitude de 30 a 50 metros de
altura, e, caso não venha a ser derrubada, dará frutos e
será uma árvore frondosa como todas de sua espécie que
ele conhecera no passado. Muito provavelmente, abrigará
ninhos de juriti e outros pássaros, se é que ainda existirão,
pensa ele, olhando para o céu, à procura de alguma ave,
mas sua tentativa de visualizar algum pássaro que pudesse
ser fotografado foi em vão, ele deita-se na grama e
deixa que algumas pequeninas joaninhas de bolinhas
pretas, com seu corpo semiesférico e suas seis patinhas
subam em sua mão fazendo-o relaxar. Por segundos ele
se esquece do mundo apreciando o lento deslocar desses
magníficos insetos coleópteros em seu braço. As joaninhas
alçam voos e seguem o seu destino, ele companha
com o olhar de observador e com um sorriso de satisfação
no canto da boca por lembrar-se do seu tempo de criança.
Uma leve brisa toma conta do morro do Fama, e ele
respira fundo, tentando sentir o puro oxigênio no seu
pulmão, e o cheiro da escassa natureza ao redor, mas é
interrompido por um caminhão carregado de madeiras,
que deixa um rastro de fumaça e cheiro de óleo queimado
no ar. Segundos depois, a fumaça se dissipa. Ele volta a
sentir uma leva brisa oxigenando seu cérebro, inclina-se
um pouco para frente, agarrado ao tronco da árvore para
poder ver a paisagem do vale, com seu aspecto verdejante
de poucas árvores à vista
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