TRECHOS DO LIVRO.
O MENINO
QUE
QUERIA VOAR
Vaidoso, ele gostava de ouvir os elogios dos parentes e membros da igreja à sua voz forte e afinada. Logo após o encerramento das pregações do seu tio Margarino, que dava ênfase ao pecado da gula do vício, e das mentiras que levaria o homem à ruína, ele pegava seu cavalo tinhoso e ia para o armazém do João Gouvêa, situado a menos de um quilômetro dali. Sua esposa, que todos chamavam de Dona Cândida, tinha as feições de uma pessoa bem mais jovem. Apesar dos seus quarenta anos, nove filhos e toda a dureza da vida, tinham seus cabelos negros, pele morena, sem nenhuma marca da vida dura que levava no campo, e duas lindas tranças grossas sobre os ombros, herança do seu sangue indígena. Transbordava alegria por estar servindo a este propósito. Seu vestido, com motivos florais confeccionados por ela, a deixava em sintonia com a natureza ao redor, e por hábito usava um véu branco, presente da sua sogra de origem [luso-alemã, casada com Messias, seu sogro, o artesão de colchões de origem cabocla]. Ela o mantinha cobrindo sua cabeça enquanto permanecesse no templo. Estava grávida de nove meses, e acompanhada por seus três filhos mais novos. Como fazia todos os domingos, ela repartiria entre os membros presentes o bolo de fubá e o café com leite que ainda se mantinha quente dentro de bules de ágata sobre o fogão a lenha na pequena e bem arrumada cozinha nos fundos da igreja. Os bolos de fubá ainda exalavam o cheirinho da erva doce, que perfumava o ambiente, deixando todos salivando, enquanto dona Candida orava, agradecendo o alimento que estava sobre uma mesa de Jacarandá, os bolos e pães estavam coberto por guardanapos de linho bege bordados com o tema que ela mais gostava: as flores Maravilha
O MENINO
QUE
QUERIA VOAR
Vaidoso, ele gostava de ouvir os elogios dos parentes e membros da igreja à sua voz forte e afinada. Logo após o encerramento das pregações do seu tio Margarino, que dava ênfase ao pecado da gula do vício, e das mentiras que levaria o homem à ruína, ele pegava seu cavalo tinhoso e ia para o armazém do João Gouvêa, situado a menos de um quilômetro dali. Sua esposa, que todos chamavam de Dona Cândida, tinha as feições de uma pessoa bem mais jovem. Apesar dos seus quarenta anos, nove filhos e toda a dureza da vida, tinham seus cabelos negros, pele morena, sem nenhuma marca da vida dura que levava no campo, e duas lindas tranças grossas sobre os ombros, herança do seu sangue indígena. Transbordava alegria por estar servindo a este propósito. Seu vestido, com motivos florais confeccionados por ela, a deixava em sintonia com a natureza ao redor, e por hábito usava um véu branco, presente da sua sogra de origem [luso-alemã, casada com Messias, seu sogro, o artesão de colchões de origem cabocla]. Ela o mantinha cobrindo sua cabeça enquanto permanecesse no templo. Estava grávida de nove meses, e acompanhada por seus três filhos mais novos. Como fazia todos os domingos, ela repartiria entre os membros presentes o bolo de fubá e o café com leite que ainda se mantinha quente dentro de bules de ágata sobre o fogão a lenha na pequena e bem arrumada cozinha nos fundos da igreja. Os bolos de fubá ainda exalavam o cheirinho da erva doce, que perfumava o ambiente, deixando todos salivando, enquanto dona Candida orava, agradecendo o alimento que estava sobre uma mesa de Jacarandá, os bolos e pães estavam coberto por guardanapos de linho bege bordados com o tema que ela mais gostava: as flores Maravilha
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