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São minhas palavras perpetuando histórias. Revivendo as memórias de coisas que nunca vi. São minhas palavras que criam esse mundo misterioso, do real ao ficcional. COSTA, JOÃO. MEU PENSAR , CONTOS , PROSAS E POEMAS 2 (02) . Edição do Kindle.

terça-feira, 2 de outubro de 2018

TRECHO DO LIVRO TEMPOS DE TRAIÇÃO POSSUÍDOS POR AMBIÇÃO.

SAN JOSÉ DE TALVEGUE estava sendo espoliado de suas riquezas por um sistemático processo de concessões fraudulentas instituídas por um clã conquistador e prepotente. Durante séculos de domínio, os nativos foram praticamente dizimados através de tiranias de ocupação e exploração de suas riquezas minerais. Os poucos nativos que ainda resistiram estavam começando a incomodar o governo, elegendo representantes de origem indígena e miscigenados para representá-los na assembleia constituinte do país. Esse movimento não poderia ser sufocado como tantos outros, que através de séculos foram reprimidos com violência e assassinatos.
Durante décadas, San José de Talvegue mergulhou no ostracismo, e num período de mercantilismo, instituído por um déspota, o direito à vida e à educação foi negada pelo clã. Não houve nenhum avanço na área social, econômica e tecnológica, e seus governantes enriqueceram-se astronomicamente por mais de meio século com o ciclo da cana açúcar, desmatamento indiscriminado e exploração da mão de obra escrava. O índice de analfabetismo era de noventa por cento, um dos maiores do mundo. Um clã sem escrúpulos sem ideal.
Em San José de Talvegue, um empresário ou investidor para ser bem-sucedido e lograr sucesso tinha que ceder um percentual do empreendimento à família Lancarto. Qualquer empresa só se estabelecia se estivesse de acordo com essa prática, somente estando ligadas a esse clã local, que dominava todo setor econômico de norte ao sul do país. Todas as condições impostas só favoreciam as oligarquias, como Ferraço, que teve a sua ascensão social galgando os degraus sustentados por laços de amizade e serventia ao governador local.
Décadas depois, uma família rica, mas em decadência, já não tinha as mesmas forças política de outrora no país; seu poder econômico estava se exaurindo gradativamente e as Forças Armadas contavam com novas lideranças, oriundas da etnia nativa e de jovens nacionalistas. Não sofria mais influência da família Lancarto, nem recebia o apoio político e financeiro externos, vindo de outros países, que outrora fizeram vista grossa ao regime autoritário, e que por décadas haviam apoiado financeiramente, com investimentos e parcerias comerciais na exploração de gás e petróleo.
Agora a família começava a mudar sua posição com relação à política interna, por não haver mais o perigo de uma guinada à esquerda. Ferraço, o braço direito por três décadas da família Lancarto, vinha de um passado que veio à tona através de uma descoberta feita por sua filha, que deu ênfase ao declínio moral e financeiro da família, desencadeando um processo de alta destruição coletiva.
Ferraço era filho de camponeses idealistas desaparecidos misteriosamente na década de quarenta. Ferraço teve sua careira impulsionada pela lealdade à família Lancarto. Para ficar milionário, bastou somente três décadas. Ferraço teve uma carreira meteórica na polícia militar de San José de Talvegue. De soldado a capitão bastaram somente dez anos. Como coronel, foi designado para o comando do presídio de extrema segurança na capital de San José. Sua lealdade ao governador Lancarto Aranha, do qual fora ajudante de ordem e chefe da segurança, lhe rendera prestígio e dinheiro

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