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São minhas palavras perpetuando histórias. Revivendo as memórias de coisas que nunca vi. São minhas palavras que criam esse mundo misterioso, do real ao ficcional. COSTA, JOÃO. MEU PENSAR , CONTOS , PROSAS E POEMAS 2 (02) . Edição do Kindle.

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

TRAPAÇAS DO DESTINO CAUSA E EFEITO



TRAPAÇAS DO DESTINO CAUSA E EFEITO

Marcos Albuquerque Fernandes estava com doze anos,
e morando nos Estados Unidos da América. Ele e seu pai
passeavam pela Disneylândia, andavam na montanha russa,
faziam compras e almoçavam. Seu pai estava um pouco
agitado e toda hora pegava no braço de Marcos, que já se
sentia incomodado e lhe indagava se estava passando bem,
pois parecia nervoso. Seu pai desconversou e o convidou para
tomar o sorvete que ele mais gostava: sundae de morango
com chantilly. Com essa atitude, eles se descontraíram. Toda
essa ansiedade de Roberto tinha um motivo, nesse dia ele
pretendia contar ao Marcos um segredo, que perdurara por
doze anos.







Ano 1963.
O jardineiro
dava uma pausa ao seu trabalho para apreciar o avião da
Panair pousar no Aeroporto Santos Dumont, sonhando que
um dia iria embarcar em um deles e poder levantar voo rumo
à sua cidade natal no Nordeste, onde alguém o aguardava.
Enquanto ele sonhava com o seu retorno, seguia em frente
assoviando as músicas de sua predileção, que alegravam
seu coração nostálgico. Nessa mesma manhã de primavera
sobre o Morro do Pão de Açúcar, um acanhado raio de sol
surgia entre nuvens sobre a baía da Guanabara e iluminava
o bondinho do Pão de Açúcar parado entre as estações.
Enquanto não amanhecia o símbolo maior da cidade, era
como uma miragem sobre a montanha

domingo, 7 de dezembro de 2014

TRAPAÇAS DO DESTINO CAUSA E EFEITO

TRECHOS DO LIVRO







TRAPAÇAS DO DESTINO CAUSA E EFEITO



A tropa passou por ela posicionando-se em direção ao
Aeroporto Santos Dumont. Ela recompôs-se, respirou fundo,
tentando manter o equilíbrio do seu corpo e de sua emoção.
Depois de descansar por mais alguns minutos nas escadarias
do prédio do Ministério do Trabalho, ela reuniu a pouca força
que lhe restava, respirando fundo e segurando a sua imensa
barriga, pois teria de seguir em frente. Seu aspecto físico
impressionava os poucos transeuntes que olhavam para sua
barriga imensa, e ironicamente se perguntavam o que seria
dessa pobre criatura desamparada, mas sem nada fazerem
para ajudá-la.
Consciente do seu estado e sabendo que estava só nesse
mundo desconexo, contava apenas com seu esforço, nessa
jornada descomunal.






A noite chegou, as lojas se fecharam e o brilho das luzes
de Natal se apagou. As ruas foram ficando desertas, poucos
carros circulavam pela presidente Vargas, e pouco a pouco
cidade se apagou. Desiludida, ela caminhava cabisbaixa com
um aperto em seu coração, meio perdida na multidão que se
aglomerava em pontos de ônibus para retornar às suas casas.
Ela seguiu olhando as lojas de roupas infantis que ainda se
mantinham acesas, e as vitrines com manequins de crianças
vestidas para noite de festas. Seus olhos brilhavam mareados
enquanto acariciava sua barriga. As músicas das lojas de discos
haviam embalado seus sonhos distantes de sua realidade.
Desilusões momentâneas tomaram conta daquela jovem, que
experimentava as agruras de viver ao relento, mas talvez já
estivesse escrito que ela teria de prosseguir, pois, afinal, de
todas essas penitências que o dia lhe preparava, ela sempre
encontrava uma saída. Isso porque, nesse momento, a vida
estava lhe preparando para superar a adversidade, e quem
sabe se o destino depois de lhe mostrar onde ficava o abismo
talvez já a estivesse testando, para mudar a sua direção. Nesse
momento, ela faria sua caminhada, rumo ao aconchego da
Praça Paris, onde poderia dormir protegida por figuras de
J o ã o M C . J r
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animais em mármore Carrara e sob a sombra das estatuas e a
figura do Marechal Deodoro, que à noite se transformava em

seu guardião.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

TRAPAÇAS DO DESTINO CAUSA E EFEITO

Depois de alguns minutos de conversa
sobre o seu trabalho, fez-lhe elogios pela sua eficiência e lhe
ofereceu uma promoção para função de arrumadeira e um
aumento. Ela aceitou, mas a pobre jovem não sabia que por
trás dessa proposta viria outra. Ela logo percebeu que seriam
feitas outras propostas, dessa vez de forma acintosa.
Sem falar,o dono do hotel deixou claro o que ele pretendia. Com seu
gesto de suposto bom patrão, estava claro que ela teria de
aceitar suas carícias para subir de posto, o que ele insinuou
logo ao começar a pegar em suas mãos e em seguida e a fazer
elogios à cor da sua pele, que grosseiramente dizia ser cor de
jambo. Não tirava os olhos das pernas da jovem. Em seguida,
Juan, em um gesto rápido, a abraçou, tentando puxá-la para
cama e beijá-la. Com esse assédio, ele estava deixando bem
claro que ela teria de fazer favores sexuais para permanecer
no trabalho. Indignada, ela não pensou duas vezes reagindo
ao assédio do congênere dom Juan. Ela desvencilhou-se do
seu abraço de tamanduá e o empurrou, tirando-o de cima
dela e o jogando no chão. Sem reação, Juan ficou sentado
como um idiota malsucedido, com cara de pastel, olhando
a jovem pegar somente um cobertor de listras azuis com que
se cobria e sair porta afora somente com a roupa do corpo,
deixando o pouco que tinha para trás, por estar apressada e
com medo de que viesse lhe ocorrer o pior.
Depois desse dia sua vida, voltou à estaca zero, “como era
a referência de quem começaria tudo de novo’’. Desiludida,
ela voltou a perambular pelo centro do Rio de Janeiro.
J o ã o M C . J r
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sexta-feira, 28 de novembro de 2014

TRAPAÇAS DO DESTINO CAUSA E EFEITO





TRAPAÇAS DO DESTINO
CAUSA E EFEITO

Ela limpou suas lágrimas, com seu casaquinho bege de lã demostrando
que aquelas palavras não a atingiriam, pois partiam da boca
de um ser vil que não merecia vê-la sofrer para satisfazer seus
instintos. E, por um instante, com seu cérebro em ebulição,
se viu tomada por uma vontade de reação em defesa da sua
honra. Enquanto ele dirigia olhando para aquele ser frágil
ao seu lado aparentemente dominada, não imaginava que a
jovem maquinava naquele instante ou fosse capaz de alguma
atitude insensata. Mas ele estava enganado, pois ela pensava
em um ato mais extremo, que era provocar um acidente
naquela ladeira. Por alguns segundos, ela ficou meio fora
de si, avaliando os riscos e analisando essa possibilidade.
Percebeu que para isso bastaria puxar o volante e fazer com
que aquele canalha que a agredia com palavras pagasse o preço.

TRECHOS DE TRAPAÇAS DO DESTINO

“Será que ele sentirá a minha falta? Será
que, quando retornar da Europa, ele tentará saber do meu
paradeiro?”. Eram perguntas sem respostas, que ela fazia a si
mesma, buscando nas suas dúvidas uma ilusão momentânea.
Enquanto o motorista, mantinha a velocidade do carro meio
alucinado, e olhava para ela esperando outra reação, a jovem
vagavam em seus pensamentos em seu cérebro de menina
imatura maquinava algo para Alfredo, e olhando-o de rabo
de olho, pensava que se ele morresse teria o que merecia
tamanha a sua raiva dele, que se mostrava um sujeito sem

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

O MENINO QUE QUERIA VOAR

NAS ASAS DA IMAGINAÇÃO.

TRECHOS DO LIVRO [ O MENINO QUE QUERIA VOAR]





Maravilha era emoldurada pela linda paisagem de montanhas, soberbamente coberta por nativas palmeiras Pati, cujo fruto as aves como juritis apreciavam. Os nativos faziam seus brincos e colares, e existia uma vegetação rica, habitada por várias espécies de animais. As raras flores maravilha nativas da região ,davam um colorido único, cobrindo todo o vale. As noites eram quase sempre claras, de um límpido céu azul, sem igual. Quando, no seu luminar, as estrelas brilhavam e pareciam cair sobre suas cabeças, aguçavam os desejos latentes de seus habitantes. Seus vales verdejantes nutriam os animais todos os dias do ano, e suas cachoeiras e rios, onde os índios se banharam por milhares de anos, ainda forneciam peixes em abundância. Todos que por ali passaram em busca de novos tempos ou habitaram através dos séculos nesse lugar ou que porventura exploraram suas riquezas foram acometidos de sonhos e quimeras. Isso porque nesse lugar habitavam os mais fortes desejos de voar nas mais altas nuvens, em busca de seus sonhos e realizações.
Desde quando se tornou o caminho do imperador na exploração do ouro, milhares de imigrantes chegaram a esta região em busca de riqueza, transformando suas florestas em pastos, e lavouras expulsando os nativos para longe. A pacata Maravilha e arredores, como Avelar e Paty do Alferes, acolhiam quase todas as etnias, de várias partes do mundo, como escravos oriundos da África para trabalhar no plantio da cana-de-açúcar e no plantio do café. Muitos migraram em busca de riquezas, outros chegavam contratados para gerenciar as fazendas dos alferes, homens ricos, donos das terras oriundas de doações do imperador. Eles mantinham a prosperidade do lugar e desenvolviam sua cultura. Com isso, a cidade crescia, atraindo novos moradores. As estradas que levavam ao centro de Paty do Alferes viviam congestionadas de charretes, disputando espaço com as boiadas em direção à estação de trem, por onde escoavam a produção agrícola e desembarcavam e novos imigrantes.
PARTE 2

domingo, 16 de novembro de 2014

TRECHOS DO LIVRO[ O MENINO QUE QUERIA VOAR[

Com um grito estarrecedor, misto de ódio e de dor, pegou a cabeça da
mula abraçando sobre seu peito e saiu em desatino,
gritando palavras em seu dialeto, que soavam proféticas.
Em seguida, embrenhou-se pela floresta deixando um
rastro de sangue no Morro do Fama, profanando aquele
lugar até então lugar de atos solene. Justino seguiu
invocando a ira dos deuses; ele praguejou, amaldiçoando-os.

Atordoados pelo inusitado evento, mas, insensíveis à
dor do escravo, os caçadores recobraram meio incrédulos
sua arrogância de exploradores e seguiram desconfiados,
olhando para floresta ao redor com o cheiro de sangue
queimado no ar


 .








A parteira, por mais alguns
minutos, seguiu forçando para baixo o bebê, tentando
posicioná-lo, pois parecia estar virado na posição contrária.
Procurando manter-se calma para não alarmar dona
Candida, a parteira pedia, a todo instante, que dona Cândida
respirasse fundo e tentasse ajudá-la nesse momento.
Exaurida, por horas de esforço, já não tinha mais voz para
responder aos pedidos da parteira. Mesmo assim, dona
Cândida, antes de um breve desmaio, reuniu toda sua
força. Às quatro horas, os pés da criança começaram a
aparecer. A parteira sorriu feliz por ver seu esforço
recompensado. Nesse instante, dona Candida deu um
grito de dor e sorriu, ao mesmo tempo feliz, sentindo
alívio por saber que a criança estava nascendo. Seu
esforço incomum estava ajudando a parteira a retirar um
menino completamente roxo, aparentemente quase morto.
isso assustou a parteira, que o colocou imediatamente
de cabeça para baixo, deu um tapa no bumbum, e sorriu
aliviada por ouvir o som da vida, pois o menino soltou
um choro fraquinho e respirou fundo, provando que
estava vivo e fazendo sua mãe chorar de alegria. imediatamente,
dona Nedina o colocou sobre o peito de dona
Candida, e ela logo percebeu que este era o menor dos
filhos que ela tivera, com o olhar fixo no menino



À medida que os anos se passavam, o menino
crescia sem nenhum problema aparente e vivia agarrado
à sua mãe, que não tirava os olhos dele por um bom
motivo.