ACASO DO DESTINO.

Sétimo dia, oito horas da noite Ela estava descansando no seu pequeno aposento depois de um dia estafante, logo após ter passado dezenas de lençóis e fronhas. Já tinha tomado seu banho e feito uma leve refeição antes de ir para o quarto, já se preparava para dormir quando bateu na porta do quarto o proprietário do Hotel, de nome Juan, aparentando uns 30 anos, bem-falante, cabelos engomados com brilhantina, de aspecto meio ensebado. Ele usava um terno azul e gravata borboleta, típicos de gerente de hotel, com sapatos bem engraxados, que brilhavam no escuro. Provavelmente os engraxava todos os dias, pois tinha um engraxate bem na porta do hotel. Percebia-se pelo sotaque que era de origem espanhola. Juan aproveitou que a porta estava semiaberta e entrou. Maria estava sentada na única cadeira existente no quarto. Ele lhe deu “boa noite” e beijou a sua mão, parecendo um perfeito cavalheiro, elogiou seu trabalho, dizendo que estava feliz de ter ela como funcionária, tudo parecia normal a não ser pelo fato de não querer largar a sua mão. Ela teve de puxá-la para se desvencilhar daquele aperto de mão muito demorado. Juan, bastante sorridente, começou dizendo que tinha ido até seu quarto porque que tinha boas notícias para lhe dar e sentou-se na cama. Depois de alguns minutos de conversa sobre o seu trabalho, fez-lhe elogios pela sua eficiência e lhe ofereceu uma promoção para a função de arrumadeira e um aumento. Ela ficou ligeiramente entusiasmada e aceitou. A pobre jovem não sabia que por trás dessa proposta viria outra, mas não demorou muito para ela logo perceber que, pela forma como ele a olhava e se aproximava  mais e mais para perto dela, com os olhos vidrados em suas pernas, que, por ser bem torneadas, chamavam muito a atenção, seriam feitas outras propostas. Dessa vez de forma acintosa, sem falar nada, o dono do hotel deixou claro o que ele pretendia.