A fonte
Bem antes de tomar consciência da minha existência na vida, o meu mundo era incompreensível, complexo e inconstante. E era nesse cotidiano em ebulição que eu me via como um ser vivendo preso em um quadro abstrato de cores fortes e pinceladas confusas e de difícil compreensão. Mas, com o passar do tempo, a arte da vida criou movimentos de expressões mais claras aos olhos de um bservador atento ao seu cotidiano turvo e inexorável. Foi somente ao longo dos anos que esse labirinto de cores fortes e desconexas foi se dissipando e se revelando. Com o tempo descortinei que havia outro universo paralelo à minha espera, pois nada havia mudado nesse contexto existencial. O diferencial entre esses dois universos estava na mudança do meu modo de interagir, de ver e de pensar. Foi nesse ponto crucial que passei a sentir e compreender em minha mente de jovem, ainda imaturo, que essa era a realidade do mundo em que vivia. E foram esses mesmos borrões de cores e linhas, supostamente confusas, que, ao invés de me consumirem, se tornaram a minha fonte de experiências, me permitindo a formação de conceitos e alimentando o mote de possíveis inspirações. E passei a sentir a magia desse mundo para ter a certeza de que deveria tomar consciência da minha existência. Foi quando passei a conviver com a veracidade de forma concreta. E com essa descoberta pude perceber que poderia extrair o que seria útil e de grande valia e que poderia ser usado como uma fonte de inspiração de infinitas possibilidades. Com essas experiências fui percebendo o que poderia dar certo ou errado na vida e delinear minha caminhada. As circunstâncias extremas mantinham minha mente em ebulição permanente. Eram tempos difíceis, então, devia captar o que era relevante ou não para essa pobre e difícil existência.;
Seguir adiante se tornou imperativo para minha sobrevivência nesse conturbado mundo de possibilidades ínfimas. A arte ou a literatura, mesmo que precárias, chegavam às minhas mãos fragmentadas. Logo percebi que o que eu tinha que fazer era juntá-las para que pudesse usufruir e alimentar-me com essas referências. E foi graças aos parcos contatos com esse universo e a influência de dois de meus irmãos que pude alimentar essa vertente, mesmo que de forma rudimentar. Era o que tínhamos para consumir e nutrir o nosso pensar. E, dessa forma, ao longo dos anos, fui alimentando meus anseios e, com as vivências nesse universo quase nebuloso, protegido por esse pensar, pude manter as esperanças e continuar turbinando os sonhos com esse abstrato mundo. Ao longo do tempo me tornei um arquivo vivo das minhas auto-análises e mantive nutrido o desejo de expressar de forma contextual meu lado pragmático, poético e prosador:
Essa foi, sem dúvida, a minha melhor forma de expressão das experiências vividas, das minhas andanças por esse meu mundo real, imaginário e ficcional, dentro desse meu universo existencial.
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