#JOVEM ANOS SESSENTA3

Fui um jovem dos anos sessenta. Cabelos longos. Sobre os ombros. Vestia minha única. Calça Lee desbotada. De água sanitária. De boca, de sino. E perna apertada. Meu calçado da hora. Era sempre o mesmo. Tênis branco. A marca não importava. Só tinha que ser. De listas vermelha e azul. Fui um jovem roqueiro. Me sentia maneiro. Eu e meus companheiros. Tentando de qualquer maneira. Fazer da vida uma aventura. De olhos fechados. Tudo parecer, maneiro. Sorriamos o dia inteiro. Efeitos do ar rarefeito. Curtimos o som das guitarras. Atrás das bandas do bairro. Que ensaiava em casa. No fundo, de quintal. Bandas de garagens. E coisa e tal. Cada nome surreal. Não fazer sucesso. Era normal. Como as meninas de minissaia. Que provocavam a rapaziada. E no fim não dava em nada. Tudo parecia normal. Brincadeira de mal gosto. Era permitido pelo sistema. Vista grossa era o lema. A noite no cinema. O barato era colocar chiclete. Mascado na poltrona da frente. E ver quem seria o premiado. Que saí todo colado. Às vezes a turma de bobeira. Só armava besteiras. Toda garota bonita tinha um pai fera. E, por medo, não dava mole. Enquanto a ditadura. Abaixava o porrete. Se falássemos de políticas. Fora do contexto. Tivemos o ritmo do rock. A embalar nossos sonhos. E a vida parecia um. Carnaval. #mpb AUTORIA DE JOÃO MC.JR#