O carro retorna uma hora depois à mansão do bairro
Santa Tereza
Na garagem, o motorista Jorge saltou do carro aflito e
olhou para a varanda. Imediatamente, a mulher de robe azul de seda chinesa surgiu na sacada e fez um sinal para ele subir ao escritório.
No escritório diálogo se da de forma rápida, pois a
patroa foi logo ao assunto e perguntou ao motorista:
– Como foi a missão Jorge, tudo bem? Ela esboçou alguma reação ou fez alguma ameaça? Não vai mentir pois
estou vendo as marcas da onça em seu rosto.
Jorge coça a cabeça e prefere não relatar os seus contra tempos com a jovem pelo caminho ate a cidade e resume o seu relatório.
– Não, Madame Albuquerque, isso foi fazendo a barba no
escuro que eu me aranhei com a navalha, mas esta tudo dentro do controle como a
senhora recomendou. Eu a deixei bem no centro como combinamos. E ainda dei um
tempo e fiquei por algum minutos observando sua reação e olhando, de longe para
ver se ela chamaria alguém para ajudá-la ou a polícia, mas ela simplesmente
ficou de cabeça baixa, chorando por algum tempo e depois seguiu a Rua Rio
Branco em direção à Candelária em meio a multidão. Talvez ela tente retornar
para casa.
Soltando uma risada de deboche- Disse Hortência, com ar
de quiromante de ocasião.
– Isso é pouco improvável; eu conheço essa gente,
Alfredo.
O que ela não consegue aqui em casa com certeza vai
tentar com
outro tolo como Marcos. que se encanta com essas carinhas bonitinhas e não
resistem a tentação carnal, e idiotamente eles caem na cilada dessas diabinhas
com cara de anjinhos. Além do mais Jorge, ela não tem dinheiro suficiente para
viajar para terra dela, e não sabe nem onde fica no mapa, e burra de pai e mãe,
e com certeza não tem coragem de se aventurar tentando achar o rumo da roça da onde
veio. E ela sabe, ou pelo ao menos isso ela
tem consciência que por tradição que sua família não aceitaria ela
grávida de volta , nem acreditaria na história dela. Parecendo exausta de tanto
falar Hortência para de andar de um lado pro outro o que já estava deixando o
motorista tonto de ter que acompanhar obrigatoriamente seus movimentos. Ela senta-se
pela primeira vez desde que o carro saiu de sua casa e da uma pequena pausa no
seu desabafo, ela pega sua carteira de cigarros dourada que esta em cima de um livro na mesinha ao lado da cadeira de
balanço. Por um instante ela pega o livro da autora Margaret Mitchell “E O
Vento Levou” que tentava ler a messes, ela olha sua capa franze sua testa e o coloca de
volta na mesa . retira um cigarro da sua carteira dourada coloca na piteira de
madrepérola e pontas douradas e pede ao motorista para acender. O motorista
Jorge imediatamente acende seu cigarro e se afasta, ela da uma tragada bem
profunda e solta uma baforada em direção ao motorista que prende a respiração .
Enquanto a fumaça se dispersa Jorge se mantem em posição de prontidão, como um
soldado torcendo pelo termino do discurso da madame Albuquerque como ela gostava de ser chamada
pelo motorista mas, infelizmente para Jorge ela não tocava no assunto do dinheiro o que o deixava desconcertado pois não ousaria tocar no assunto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário