Nas asas da imaginação, nasce um desejo prematuro, presságio de novos
tempos. Diz a lenda que, nesse lugar de origem de histórias e magias, nunca
houve limites nem idade para determinados sonhos.
Esses nasceram de forma inusitada e perduraram por décadas, mas somente para
alguns nativos tornaram-se verdadeiros e concretos. Comprovadamente, muitos
desejos e sonhos sobreviveram ao tempo, ganhando vida ao serem alimentados ao
longo dos anos por realidade ou fantasia. Não importa a fonte e não existe
maneira de proibi-los. Sonhos são enigmas que regem a natureza humana; eles
brotam em turbilhões, renascem das cinzas e se tornam reais, transcendem a
fantasia e, com o tempo, ganham asas, alçam voos. O menino era alimentado na rica fonte do
imaginário popular e, principalmente, das muitas lembranças do passado de
uma criança que muito cedo aprendera a voar. Esse rico cenário tem como referência
a cidade onde o menino nasceu. Ele ouvia, com a curiosidade de quem
necessitava reviver seu passado, as histórias da sua família e relatos de
lendas e magia que eram compartilhados com seus irmãos em noites de chuva,
quando se reuniam na pequena sala, onde todos se agrupavam em volta do rádio
para ouvir o programa Teatro de Mistério da Rádio Nacional, nos anos
cinquenta. Como habitualmente ocorria nessa época, faltava luz, quase sempre
no melhor da dramaturgia. Era nesse momento oportuno, que seu irmão mais velho, o
Assim, manteve suas lembranças vivas. Ouvir essas histórias, para ele, era
como beber a água da fonte do pequeno riacho da sua infância, saciar sua sede
do passado e manter-se ligado, efetivamente, a esse lugar de boas lembranças,
que
dava prazer à sua alma e asas ao seu sentido.
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