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São minhas palavras perpetuando histórias. Revivendo as memórias de coisas que nunca vi. São minhas palavras que criam esse mundo misterioso, do real ao ficcional. COSTA, JOÃO. MEU PENSAR , CONTOS , PROSAS E POEMAS 2 (02) . Edição do Kindle.

quinta-feira, 11 de junho de 2020

OS USURPADORES. Trecho do livro.

Chacon estudara com afinco a história do continente em que vivia, e se tornara conhecedor de que, no passado, não muito distante, certos clãs foram constituídos por esses aventureiros, que da mesma forma construíram grandes cidades onde quase nada existia, a não ser os povos nativos. ​Então eles transformaram essas aldeias em países, e os povos considerados primitivos como silvícolas. Nômades foram domesticados contra sua vontade, e os que tentavam resistir a essa nova ordem eram considerados transgressores das leis constituídas por eles. Elaboraram uma constituinte sem a participação dos nativos. Por isso,  Chacon, o “pacífico”, reagia contra os opressores e orientava os nativos a resistir e a ir em frente com base nas suas reivindicações e, assim, lutar em buscas de seus direitos. Mas, ao mesmo tempo, Chacon sofria ao vê-los sendo presos ou mortos covardemente por milicianos desse clã, pois se reagiam a opressão, eram denominados como guerrilheiros, baderneiros e eram caçados como bichos. E, quando por sorte escapavam das milícias, eram julgados a revelia e marginalizados. Eles, os usurpadores, eram conhecedores das fraquezas desses povos nativos e sabiamente conseguiram, na sua maioria, catequizá-los, doutriná-los, iludi-los e escravizá-los. Mas Chacon conhecia suas artimanhas, suas pretensões expansionistas e a capacidade de ludibriar esses povos que não tiveram suas terras registradas nas leis que os exploradores criaram para espoliá-los de suas riquezas e terras. Por séculos nunca houve na história desse povo a necessidade de tal lei. Mas esse era o único e verdadeiro objetivo desses novos exploradores, dominar esses povos pacíficos para extinguir suas aspirações. Eles não tinham a plena consciência que já constituíam uma nação, então ficava fácil para esses usurpadores os ludibriar e com seu poderio bélico ir impondo um revés a eles, tornando-se os únicos donos dessas terras. ​Chacon dizia a seus seguidores que a única forma de combatê-los era juntar esforços, pois teriam que conhecê-los melhor para só assim poderem reescrever a história. E para ele esse momento obscuro da história que se vive o remete ao passado distante. Estava consciente que de alguma forma esses aventureiros nos faz querer decifrar seus segredos, seus códigos de conduta, sua irmandade obscura com seus segredos fechados a sete chaves, protegendo-os de relatos de seus falsos feitos heroicos.

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