Trecho do livro.
#ESCRITOR#João MC.jr Arte e Vida# São minhas palavras perpetuando histórias. Revivendo as memórias de coisas que nunca vi. São minhas palavras que criam esse mundo misterioso, do real ao ficcional. COSTA, JOÃO. MEU PENSAR , CONTOS , PROSAS E POEMAS 2 (02)KindleJoão Manoel da Costa Junior. Edição do Kindle.
Quem sou eu
- #ESCRITOR#João.mc.jr arte e vida#
- São minhas palavras perpetuando histórias. Revivendo as memórias de coisas que nunca vi. São minhas palavras que criam esse mundo misterioso, do real ao ficcional. COSTA, JOÃO. MEU PENSAR , CONTOS , PROSAS E POEMAS 2 (02) . Edição do Kindle.
domingo, 5 de junho de 2016
sábado, 4 de junho de 2016
quinta-feira, 2 de junho de 2016
TEMPOS DE TRAIÇÃO POSSUÍDOS POR AMBIÇÃO
TRECHOS DO LIVRO
Nos anos vinte, esse grupo de camponeses, que não
tinha como ideais ideologias marxistas ou comunistas, lutavam contra um governo
corrupto e cruel, que os escravizava em benefício dos latifundiários e donos de
usinas de açúcar, jazidas de carvão e minérios nobres, como ouro e prata, que
eram o carro-chefe da economia local.
O presidente Don Lancarto Aranha governava com mão
de ferro esse país de dimensões continentais. Dividia o poder e os dezessete
milhões, oitocentos e dezenove mil e cem quilômetros quadrados com seus
seguidores, nomeados com títulos de nobreza, negando aos pobres trabalhadores
rurais e os nativos o direito à escola ou qualquer direito trabalhista.
Chacon temia terminar como todos os membros da
frente revolucionária, que quando descobertos eram perseguidos, presos e
desapareciam misteriosamente das cadeias de San José. Boatos de rituais
macabros se espalhavam pela cidade. A família Lancarto tinha um zoológico
particular com animais vindo da África e da Ásia, como leões e tigres, que
diziam ser alimentados por opositores mortos em rituais secretos. O povo
acreditava que tais rituais lhes concederiam mais poderes. Suas propriedades
ostentavam símbolos que representavam para os nativos o sacrifício.
Chacon tentava não pensar nisso para não perder a
coragem e seguir na luta. Seu filho Venâncio, com cinco anos, não entendia o
que se passava com a sua família, reclamava das andanças do pai e da mãe, que
não podiam deixá-lo em casa sozinho.
Em poucos meses de militância, Chacon fora incluído
na lista negra do clã Lancarto como inimigo número um e teve sua propriedade
confiscada. Restavam poucas alternativas ao bravo líder; ele havia perdido os
poucos bens que tinha, e suas terras poderiam ser ocupadas imediatamente pelos
simpatizantes do governo.
Chacon e sua mulher passaram a ser perseguidos
pelo governo, e poderiam ser traídos por qualquer ambicioso que não se
identificasse com a causa que ele defendia. Ele havia sido alertado pelo padre
Francesco, que passara por sua propriedade naquela tarde a caminho de San
Paranhos, onde implantava um convento, que a sua prisão havia sido decretada.
Sem alternativa, Chacon estabeleceu um plano de fuga em direção às montanhas de
Talvegue, que ele e sua mulher conheciam bem.
Na madrugada fria do dia seguinte, deixaram para
trás seu povoado. Para Chacon, só havia uma saída: fugir. Era preciso preservar
seu sonho, sua integridade física e da sua família. Tiveram que deixar pra trás
suas terras e a casa onde moravam.
Após se manterem escondidos por dois meses na
floresta de San José de Talvegue, decidiram atravessar a montanha onde a
milícia não se aventurava com medo da guerrilha. Ele conseguia passar
despercebido dentro da floresta e por várias vezes presenciara as escaramuças
da guerrilha contra as milícias, que revidavam com um poder de fogo muito
superior devido às armas vindas do exterior, exterminando ou colocando os
milicianos em fuga. Chacon se revoltava com perda de vida de ambos os lados,
que só beneficiava o clã Lancarto.
Apesar de estar tão perto da batalha, Chacon até
aquele momento não cruzara com nenhum membro da guerrilha, e ficava feliz de
não ter que se incorporar às suas fileiras, de cujos membros ele divergia.
Durante a fuga, Chacon e sua mulher estavam exaustos, e se revezavam na tarefa
árdua de carregar o filho nas costas. O pequeno Venâncio estava desnutrido, sua
alimentação precária o havia debilitado, e constantemente padecia de febre.
Mercedes conseguia tratá-lo com remédios extraídos de plantas medicinais, que
ela conhecia e dominava profundamente por sua origem indígena.
Para facilitar a fuga, não carregavam nenhuma
roupa ou bagagem, usavam a sabedoria ancestral de Mercedes Dolores sobre o
conhecimento do terreno para extrair seu alimento e energia para sobreviverem
àquele momento difícil. Levavam na fuga somente um cantil para água, um pequeno
embornal com pedaços de pão, sal, um pequeno pedaço de carne defumada que já
estava acabando, duas pequenas pedras que serviam para fazer fogo, uma pequena
lamparina com óleo para iluminar em caso de emergência, e dois livros; um sobre
a Constituição americana, e a Bíblia, que Chacon lia nos momentos de reflexão
sobre a sua missão. Era nela que encontrava o conforto que tanto precisava. Ele
buscava forças nos salmos de Davi, e se recarregava de energia e esperança
durante as poucas vezes que param durante o dia. Sua esperança de dias melhores
para seu povo era retirada dos conselhos do padre Francesco, em quem confiava
para levar adiante essa jornada, e dos salmos de Davi, que o regenerava e lhe
dava forças para prosseguir na lutasegunda-feira, 30 de maio de 2016
TEMPOS DE TRAIÇÃO POSSUÍDOS POR TRAIÇÃO
TRECHO DO LIVRO
Depois de um tempo que ele não soube precisar, Venâncio
recobrou ligeiramente seus sentidos. Os sacos com os corpos não estavam mais na
sala. De uma porta camuflada atrás da estante surgiu quatro seres com roupas
negras cobrindo todo o corpo. Eles o rodearam e se sentaram ao seu lado a mesa,
em silêncio. Lancarto dirigiu-se a cada um dos presentes em sussurros, em uma linguagem
que Venâncio não entendia.
Lancarto foi até a frente de todos, segurou o brasão
da família acima da cabeça e disse:
- A partir de hoje teremos um novo membro
incorporado através do ritual de obediência e segredo que irá para o túmulo com
os membros aqui reunidos. Refaçam os votos de respeito ao símbolo maior da
família Aranha, que por século jura obedecer, honrar e defender a qualquer
preço a nossa conquista através dos séculos.
Após o ritual de reverência ao símbolo da família,
disse:
- Se todos estiverem de acordo com o novo membro, o abracem em sinal de aceitação.
Neste momento, todos se reuniram em volta do novo
membro e o abraçaram, encerrando o ritual sem mostrarem seus rostos ou
esboçarem uma palavra. Em seguida, Venâncio foi levado até um dos aposentos da
mansão no segundo andar. As escadas que levavam aos aposentos eram de mármores,
nas cores salmão e bege e tapetes persas adornavam o ambiente.
No quarto, uma cama de jacarandá talhada e protegida
por mosquiteiro fascinou Venâncio, que recobrava lentamente os seus sentidos,
ainda confusos pelo ritual que a qual fora submetido. Sentado em um colchão
macio, ele olhou para o teto, que agora não distorcia aos seus olhos. Tudo
aquilo era real. Ele jamais havia visto uma casa como aquela em sua vida. Onde
ele morava até então não tinha mais que
um metro e setenta, dificilmente ele ficava em pé, estava sempre sentado ou
deitado; era apenas uma casa de camponês.
Agora, Venâncio não via a hora de deitar-se e
dormir um sono dos deuses.
Na manhã seguinte, Venâncio acordou com seu café já servido
em uma mesa lateral, as toalhas brancas de banho e de rosto estavam nos pés da
cama. Eram exatamente nove horas, e alguém já havia entrado no quarto e ele não
percebera; seu sono nunca fora tão pesado como naquela noite, ele nunca
acordara tão tarde em toda a sua vida. Teve a sensação de que tivera um sonho
macabro e ao mesmo tempo sentia-se bem de acordar naquele ambiente limpo e sofisticado.
Pensou consigo mesmo: “Isto é o que eu quero para minha vida, não nasci para aquela
pobreza.”
Seu corpo estava leve como uma pluma. Levantou-se
e encaminhou-se até o banheiro. Um espelho estilo colonial tomava toda a parede
acima da pia, e decorava suntuosamente o ambiente. Pela primeira vez ele se via
em um espelho, pois sempre fizera sua barba usando como espelho seu reflexo na
bacia d’água ou na beira do rio, usando seu recanto mais calmo sem correnteza
onde o reflexo era possível. Nesse momento, sorriu para o espelho discretamente
e esboçou uma leve careta, afinal ele era um jovem encantado com o luxo que
nunca conhecera. Olhou para o chuveiro, acariciou seus metais e sentiu a frieza
em suas mãos, como se fossem joias. O que era ainda melhor era a luz elétrica. Venâncio
brincava com o interruptor como uma criança; era a primeira vez que ele tinha
contato com a eletricidade, pois somente um por cento das casas de São Jose de
Talvegue tinha luz elétrica. Depois de minutos de contemplação, resolveu abrir
as torneiras e tomar seu primeiro banho de chuveiro na vidaterça-feira, 24 de maio de 2016
JOGO SUJO CIDADE DO CRIME
Rio de Rosário é uma cidade turística cuja característica principal é o legado
cultural deixado pelo seu passado de capital do país há mais de quinhentos anos, com
belos museus, teatros e bons hotéis. Além da renda advinda do turismo, a cidade estava
tentando ser a maior exportadora de rosas do hemisfério sul, tendo tal produto sido
inserido havia pouco tempo na política e floricultura do Estado.
Também havia certa euforia, nos meios de comunicação, para se melhorar a
segurança pública. Depois de longos anos investindo na compra de tecnologias para
combater o narcotráfico, o uso da força ainda era o carro-chefe do governo, causando
um clima de guerra na cidade e aumentando o índice de mortes entre civis e policiais.
Os confrontos não tinham hora para acontecer, se davam à luz do dia e assustavam a
população de madrugada.
Mesmo com inúmeros confrontos, o número de traficantes presos era ridículo e a
maioria se evadia antes de a polícia chegar. Geralmente eram avisados antes das
operações acontecerem e isso deixava uma pergunta no ar: o governo realmente queria
reduzir o tráfico de drogas ou simplesmente queria os traficantes habitando outro lugar,
longe dos olhares da classe média, da elite e da mídia?
A mídia, tendenciosa, recebia alto valor investido pelo Estado em propagandas
de sua autopromoção e não dispensava esse valor mesmo que estivesse fazendo falta a
hospitais e a escolas públicas, tal como revelavam suas próprias reportagens.
O delegado se indignava com as filas dos doentes nos hospitais por escassez e
falta de remédios, leitos e médicos, e ficava horrorizado ao saber que escolas estavam
caindo aos pedaços por má conservação e supostamente por falta de verbas. Apesar
disso, a verba da mídia para manter o governo com uma boa imagem era considerada
legal por estar no orçamento dos gastos aprovados pelos deputados da base e era o único
dinheiro liberado integralmente pelo governo de Rosário. Ainda assim, às vezes a mídia
não tinha como esconder os fatos de tão visível que era a violência.
Com uma política de transformação material e não humana, o investimento na
formação dos policiais era mal elaborado, a seleção dos policiais se dava de forma
equivocada, o governo se preocupava mais com a quantidade de policiais do que com a
qualidade e os resultados eram pífios. Havia corrupção endêmica, o código de conduta
era inexistente e o número de viciados, roubos e mortes só crescia em Rosário
cultural deixado pelo seu passado de capital do país há mais de quinhentos anos, com
belos museus, teatros e bons hotéis. Além da renda advinda do turismo, a cidade estava
tentando ser a maior exportadora de rosas do hemisfério sul, tendo tal produto sido
inserido havia pouco tempo na política e floricultura do Estado.
Também havia certa euforia, nos meios de comunicação, para se melhorar a
segurança pública. Depois de longos anos investindo na compra de tecnologias para
combater o narcotráfico, o uso da força ainda era o carro-chefe do governo, causando
um clima de guerra na cidade e aumentando o índice de mortes entre civis e policiais.
Os confrontos não tinham hora para acontecer, se davam à luz do dia e assustavam a
população de madrugada.
Mesmo com inúmeros confrontos, o número de traficantes presos era ridículo e a
maioria se evadia antes de a polícia chegar. Geralmente eram avisados antes das
operações acontecerem e isso deixava uma pergunta no ar: o governo realmente queria
reduzir o tráfico de drogas ou simplesmente queria os traficantes habitando outro lugar,
longe dos olhares da classe média, da elite e da mídia?
A mídia, tendenciosa, recebia alto valor investido pelo Estado em propagandas
de sua autopromoção e não dispensava esse valor mesmo que estivesse fazendo falta a
hospitais e a escolas públicas, tal como revelavam suas próprias reportagens.
O delegado se indignava com as filas dos doentes nos hospitais por escassez e
falta de remédios, leitos e médicos, e ficava horrorizado ao saber que escolas estavam
caindo aos pedaços por má conservação e supostamente por falta de verbas. Apesar
disso, a verba da mídia para manter o governo com uma boa imagem era considerada
legal por estar no orçamento dos gastos aprovados pelos deputados da base e era o único
dinheiro liberado integralmente pelo governo de Rosário. Ainda assim, às vezes a mídia
não tinha como esconder os fatos de tão visível que era a violência.
Com uma política de transformação material e não humana, o investimento na
formação dos policiais era mal elaborado, a seleção dos policiais se dava de forma
equivocada, o governo se preocupava mais com a quantidade de policiais do que com a
qualidade e os resultados eram pífios. Havia corrupção endêmica, o código de conduta
era inexistente e o número de viciados, roubos e mortes só crescia em Rosário
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