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São minhas palavras perpetuando histórias. Revivendo as memórias de coisas que nunca vi. São minhas palavras que criam esse mundo misterioso, do real ao ficcional. COSTA, JOÃO. MEU PENSAR , CONTOS , PROSAS E POEMAS 2 (02) . Edição do Kindle.

terça-feira, 5 de julho de 2016

TRAPAÇAS DO DESTINO CAUSA E EFEITO

Simultaneamente
Às 4h30 da manhã
No bairro da Glória um jardineiro chegou à Praça Paris
e começava seu trabalho preocupado com as nuvens negras
que cobriam a cidade, pois eram um mau sinal naquela
manhã de primavera e poderiam atrasar seu trabalho. Sua
responsabilidade era manter o jardim bem conservado e
preservar o traçado e a elegância daquela praça inspirada em
um jardim parisiense. Ele, com sua habilidade de um artista,
esculpia figuras de animais nas plantas ornamentais e nos pés
de fícus, usando toda sua imaginação. Orgulho do bairro da
Gloria, a Praça Paris era uma referência no bairro desde a
sua inauguração em 1926, em que as flores nunca deixaram
de florir junto às esculturas de felinos em mármore Carrara,
que agregava valor ao espaço em conjunto com a exuberante
estátua equestre do Marechal Deodoro da Fonseca em bronze,
onde pombos rebeldes defecavam manchando a imagem da
ilustre figura histórica, fazendo com que o fiel jardineiro
madrugasse para limpá-la antes da vistoria do prefeito. Ate as
hortênsias brotavam nesse jardim tropical bem cuidado por
ele, o jardineiro fiel. Todos os dias, às cinco horas da manhã,
ele já iniciava as suas tarefas. Começava aparando a grama,
esmerando-se para torná-las perfeitas. Enquanto cumpria as
suas tarefas rotineiras, ele assoviava o trecho da música.
 O barquinho, [de Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli] “Dia de luz festa de sol e o Barquinho a deslizar no macio azul do mar”, alegrando os corações dos primeiros passantes, que sorriam agradecidos pela qualidade da sonoridade harmônica. Nos canteiros central da praça, as azaleias coloriam o inicio do dia, enquanto pássaros bebiam água nos chafarizes. O jardineiro dava uma pausa ao seu trabalho para apreciar o avião da Panair pousar no Aeroporto Santos Dumont, sonhando que um dia iria embarcar em um deles e poder levantar voo rumo à sua cidade natal no Nordeste, onde alguém o aguardava. Enquanto ele sonhava com o seu retorno, seguia em frente assoviando as músicas de sua predileção, que alegravam seu coração nostálgico. Nessa mesma manhã de primavera sobre o Morro do Pão de Açúcar, um acanhado raio de sol surgia entre nuvens sobre a baía da Guanabara e iluminava o bondinho do Pão de Açúcar parado entre as estações. Enquanto não amanhecia o símbolo maior da cidade, era como uma miragem sobre a montanha. A estátua do Cristo Redentor, vista de longe, devido à neblina, parecia fechar seus braços sobre a cidade de tanto frio. No centro da cidade, o suntuoso Palácio Monroe rivalizava em beleza e esplendor com o Teatro Municipal, dando valor histórico e arquitetônico à Cinelândia, onde pombos revoavam com o despertar da cidade. O trânsito começava a fluir lentamente em direção ao centro financeiro. Na ainda silenciosa e adormecida Av. Rio Branco, em frente ao Cine Odeon, repentinamente o silêncio da manhã era quebrado com uma freada brusca de um carro modelo Aero Willys de cor marrom, assustando o pequeno jornaleiro, que caminhava tranquilamente pela calçada com seus jornais a tiracolo, anunciando as manchetes com seu chamado peculiar “EXTRA, EXTRA”. Surpreendido pela freada brusca, ele interrompeu seu chamado para a manchete do dia, o susto o fez engolir as palavras que davam ênfase à sua chamada “extra, extra, bandido da luz vermelha ataca de novo’’, quase deixando seus jornais caírem no chão. A fumaça tomou conta do ambiente e um cheiro de borracha queimada impregnou o ar, fazendo tossir o pequeno jornaleiro. O carro parou enfrente ao cinema Odeon, que exibia o filme 007 contra o Fantástico Dr. No. A porta do carro se abriu e uma jovem foi empurrada para fora dele. Ela saiu tropeçando na mala que fora jogada logo a seguir sobre ela e quase se chocou com a foto do ator Sean Connery no cartaz que estava emoldurado na vitrine do cinema com cara de agente com licença para matar.

domingo, 3 de julho de 2016

TRAPAÇAS DO DESTINO CAUSA E EFEITO

Trecho do livro.

Helena já de pé começou andar pelo quarto com o fio
do telefone enrolando em suas pernas, questionava Augusto,
com um misto de satisfação e temor em sua voz alterada.
– Ninguém o viu pegar a criança. Pergunta Helena.
– Você tem certeza de que foi abandonada?
– Acho que sim, eu não vi a mãe, nem ninguém por
perto, o bebê estava numa cesta de vime enrolado num pano
encardido que já joguei fora e embrulhei em uma toalha de
mesa de linho branco.
– Você olhou bem a criança, não tem nenhum defeito
aparente; ela é branquinha. – Isso importa para você?
– Eu não gostaria que fosse muito moreninho; na nossa
família não tem ninguém de cor.
Augusto respira fundo e suspira.
– Ah, Helena Isso não é hora de pensar em cor da pele.
Esse é nosso sonho, mas fique tranquila: ele é branco de
cabelos negro e olhos de cor violeta.
– Tem certeza, Augusto? Nesse escuro você consegue ver
bem?
– Claro, Helena, estou com ele no colo.
– E como nós vamos fazer? Levar para o juizado?
– Você não quer o bebê?
– Quero muito, mas acho que corremos o risco de sermos
descobertos, Augusto.
– E se nos levássemos ele para o interior e arrumássemos
um documento? – sugeriu Augusto Rocha, sabendo que sua
mulher concordaria.
– Você acha isso possível? – perguntou Helena aceitando
a ideia.
– Lá é bem mais fácil. Na maternidade local da nossa
família, a gente dá um jeito, vai ser bom para ele. Nós vamos
fazer um bem a um ser humano abandonado.
– Eu vou sair antes que chegue alguém. Passo agora
mesmo aí em casa e pego você.
Do outro lado da linha, Helena respondeu com um
sorriso, roendo as unhas:
– Tá bom, querido, você me convenceu. Só pode ser um
presente de Deus



terça-feira, 21 de junho de 2016

O MENINO QUE QUERIA VOAR









Depois de alguns minutos de hesitação, bestificados retornavam às suas casas. Nem todos desaparecidos passavam por estas experiências, mas quase sempre todos eles chegavam maltrapilhos e cambaleantes e contavam histórias parecidas para suas esposas ao chegarem de madrugada amarfanhados e caindo dos seus cavalos na porta da casa. Diziam ter sido raptados por grandes esferas misteriosas que surgiam do céu em meio às estrelas, de onde surgiam  estranhos seres envoltos em roupas metálicas ,eles eram imobilizados por feixes de luz que os levavam em viagens no espaço em velocidades alucinantes a mundos desconhecidos. Mas, quando eram questionados sobre esses supostos lugares ao chegarem em casa, eles não sabiam explicar às suas famílias, pois voltavam com amnésia, com suas roupas rasgadas e enlameados, não conseguiam descrever esses supostos mundos restando apenas lembranças remotas, que tentavam montar como um quebra-cabeças sem algumas peças. Suas mulheres não acreditavam nessas histórias, por chegarem com bafo de aguardente e sem o dinheiro das vendas das colheitas. Aos sábados, Maravilha transformava-se no lugarejo fervedouro. Esse era o clima que antecedia a grande festança. O desfile das enfeitadas charretes e cavalos adornados competiam com os carros de boi, e seu canto das rodas estridente alegrava as manhãs ensolaradas, congestionando a estrada do Lameirão até o centro de Paty. O Hotel de Quindins fervilhava de turistas da capital pelo revigorante clima afrodisíaco e da fama de seu Casino moderno. Para os nativos, o grande acontecimento da semana era o baile local, no início da noite no arraiá. Na parte da tarde, acontecia também o encontro no mesmo arraiá do açoite, como era chamado, por ter sido construído no local de uma antiga senzala perto do armazém. Nesse lugar, alimentavam-se de histórias no encontro aos sábados, quando havia reunião do grupo de prosa e de noctívagos das redondezas, no armazém do João Gouveia, para comemorar boas colheitas e trocar tostões de prosa e contar suas aventuras deveras mirabolantes, sempre regadas à boa pinga da roça, produzida no alambique da fazenda Maravilh. Cada prosador no seu tempo tinha o direito de expor suas aventuras e Prosas sem interferência alheia, pois haviam estabelecido um código de crendice entre eles, que se perpetuou desde o tempo do império, com o aval auspicioso do João Gouvêa. Este creditava o sucesso das vendas do seu armazém à magia do lugar. Os contadores de história ficavam envolvidos pelo público ávido por novas fábulas. Eles se acotovelavam por um lugar na roda que se formava pela plateia, em volta dos ilustres membros noctívagos, sentados em número de doze, em uma grande mesa de madeira rústica. Como se fossem os cavaleiros da Távola Redonda, os prosadores permaneciam por horas a fio degustando linguiça torresmos, e chouriços, regados à cana-caiana e pinga da roça. A plateia não arredava o pé do lugar, hipnotizado pelos relatos mirabolantes. Envaidecidos, eles seguiam entusiasmados, contando suas fábulas e suposta falácias e aventura. Zé Queiroga gostava de narrar a sua experiência com os espíritos dos escravos da fazenda Maravilha, que durante um século guardaram potes de ferro repletos de pepitas de ouro que eles achavam nos rios da região e escondiam dos seus senhores engolindo-as. Posteriormente, eles as defecavam em caldeirões de ferro e enterravam nos arredores da senzala, pensando um dia poder usar a riqueza camuflada junto aos seus dejetos secos para comprarem sua liberdade. No entanto, como a abolição chegou antes, eles não puderam usar as pepitas, pois seriam acusados de roubo e voltariam para a senzala. Sabiamente, eles mantiveram segredo por um século, e os caldeirões de pepitas posteriormente passaram a ser protegidos por guardiões do além. Contava Zé Queiroga com sua voz de trovão 

O MENINO QUE QUERIA VOAR









Depois de alguns minutos de hesitação, bestificados retornavam às suas casas. Nem todos desaparecidos passavam por estas experiências, mas quase sempre todos eles chegavam maltrapilhos e cambaleantes e contavam histórias parecidas para suas esposas ao chegarem de madrugada amarfanhados e caindo dos seus cavalos na porta da casa. Diziam ter sido raptados por grandes esferas misteriosas que surgiam do céu em meio às estrelas, de onde surgiam  estranhos seres envoltos em roupas metálicas ,eles eram imobilizados por feixes de luz que os levavam em viagens no espaço em velocidades alucinantes a mundos desconhecidos. Mas, quando eram questionados sobre esses supostos lugares ao chegarem em casa, eles não sabiam explicar às suas famílias, pois voltavam com amnésia, com suas roupas rasgadas e enlameados, não conseguiam descrever esses supostos mundos restando apenas lembranças remotas, que tentavam montar como um quebra-cabeças sem algumas peças. Suas mulheres não acreditavam nessas histórias, por chegarem com bafo de aguardente e sem o dinheiro das vendas das colheitas. Aos sábados, Maravilha transformava-se no lugarejo fervedouro. Esse era o clima que antecedia a grande festança. O desfile das enfeitadas charretes e cavalos adornados competiam com os carros de boi, e seu canto das rodas estridente alegrava as manhãs ensolaradas, congestionando a estrada do Lameirão até o centro de Paty. O Hotel de Quindins fervilhava de turistas da capital pelo revigorante clima afrodisíaco e da fama de seu Casino moderno. Para os nativos, o grande acontecimento da semana era o baile local, no início da noite no arraiá. Na parte da tarde, acontecia também o encontro no mesmo arraiá do açoite, como era chamado, por ter sido construído no local de uma antiga senzala perto do armazém. Nesse lugar, alimentavam-se de histórias no encontro aos sábados, quando havia reunião do grupo de prosa e de noctívagos das redondezas, no armazém do João Gouveia, para comemorar boas colheitas e trocar tostões de prosa e contar suas aventuras deveras mirabolantes, sempre regadas à boa pinga da roça, produzida no alambique da fazenda Maravilh. Cada prosador no seu tempo tinha o direito de expor suas aventuras e Prosas sem interferência alheia, pois haviam estabelecido um código de crendice entre eles, que se perpetuou desde o tempo do império, com o aval auspicioso do João Gouvêa. Este creditava o sucesso das vendas do seu armazém à magia do lugar. Os contadores de história ficavam envolvidos pelo público ávido por novas fábulas. Eles se acotovelavam por um lugar na roda que se formava pela plateia, em volta dos ilustres membros noctívagos, sentados em número de doze, em uma grande mesa de madeira rústica. Como se fossem os cavaleiros da Távola Redonda, os prosadores permaneciam por horas a fio degustando linguiça torresmos, e chouriços, regados à cana-caiana e pinga da roça. A plateia não arredava o pé do lugar, hipnotizado pelos relatos mirabolantes. Envaidecidos, eles seguiam entusiasmados, contando suas fábulas e suposta falácias e aventura. Zé Queiroga gostava de narrar a sua experiência com os espíritos dos escravos da fazenda Maravilha, que durante um século guardaram potes de ferro repletos de pepitas de ouro que eles achavam nos rios da região e escondiam dos seus senhores engolindo-as. Posteriormente, eles as defecavam em caldeirões de ferro e enterravam nos arredores da senzala, pensando um dia poder usar a riqueza camuflada junto aos seus dejetos secos para comprarem sua liberdade. No entanto, como a abolição chegou antes, eles não puderam usar as pepitas, pois seriam acusados de roubo e voltariam para a senzala. Sabiamente, eles mantiveram segredo por um século, e os caldeirões de pepitas posteriormente passaram a ser protegidos por guardiões do além. Contava Zé Queiroga com sua voz de trovão 

sábado, 18 de junho de 2016

O MENINO QUE QUERIA VOAR


Depois de tentar, sem sucesso, vender limonada e engraxar sapatos para arrumar um dinheirinho e assistir ao seu primeiro filme no cinema Metro, que era mais caro que o Olinda, o menino contou com a sorte. Descendo a ladeira, ele achou uma nota de dez cruzeiros. O inusitado aconteceu: encontrar dinheiro na rua na descida do morro, onde quase todo mundo anda olhando para o chão, em pleno domingo, em que todos se preparavam para ir ao cinema, só poderia ser considerado um milagre. Seus irmãos não tinham grana para levá-lo ao cinema. Aquilo era um verdadeiro golpe da sorte. Afinal, poucos tinham para gastar e nenhum para perder. O filme era de fantasia, de Walt Disney, e o cinema Olinda era o maior da praça. Ele perdeu mais tempo verificando as pilastras do que o filme.
TRECO DO LIVRO 

Entre uma brincadeira e outra, treinava autodefesa, chutando pedras e dando socos nas cercas de madeira. Alguns tapas trocados entre ele e sobrinhos, da sua idade, os ajudavam a manter a forma para alguma eventualidade. As brigas entre o menino que queria voar e seu sobrinho Edson, sempre incentivadas pelo seu irmão Jonas, que adorava vê-los se pegando, eram corriqueiras. Outras vezes, este mesmo irmão o defendia da dupla cavernosa, Alicate e Dejailson, que infernizava a vida dele quase todos os dias. Dessa forma ganhava imunidade para continuar sobrevivendo. Neste ínterim, as drogas começaram a aparecer timidamente no morro. Ficavam restritas a uma minoria não organizada e bastante discriminada. As armas eram um direito de todos, que se precaviam adquirindo uma para sua proteção. Portanto, todos eram iguais perante as armas e não existia lei, nem a dos mais fortes. A polícia aparecia de vez em quando para prender desempregados ou vagabundos. O menino percebia que, em tais circunstâncias, só a fé da sua mãe poderia protegê-lo das artimanhas, das armadilhas das sombras do mal.

sábado, 11 de junho de 2016

TEMPOS DE TRAIÇÃO POSSUÍDOS POR AMBIÇÃO.




TRECHOS,DE TEMPOS DE TRAIÇÃO.

Lancarto desembarcou em Londres com uma aparência de um homem de cinquenta anos ,barbudo e bem mais magro. Com pouco dinheiro, ele se estabeleceu no subúrbio de Londres para não chamar atenção. Se misturou ao povo pobre ,que ele chamava de ralé .
 localizou seu ex-quinhoeiro ,Lorde Thomas Spider em um banco negociando a venda das minas em um leilão.

#TODAS AS CANÇÕES#

Todas as canções. Faz bem ao coração. Traz emoções. Criaram trilhas. Na vida. Todas as canções. Toca o coração. Traz emoções. At...