Quem sou eu

Minha foto
São minhas palavras perpetuando histórias. Revivendo as memórias de coisas que nunca vi. São minhas palavras que criam esse mundo misterioso, do real ao ficcional. COSTA, JOÃO. MEU PENSAR , CONTOS , PROSAS E POEMAS 2 (02) . Edição do Kindle.

sexta-feira, 25 de março de 2016

JOGO SUJO CIDADE DO CRIME

As pessoas que o conheciam não entendiam sua decisão. Alguns achavam que ele enlouquecera e outros achavam que ele estava atrás de grana fácil, pois todos os que iam para aquela delegacia enriqueciam a olhos vistos. A desconfiança advinha de que antes trabalhava na delegacia especializada em roubos de obras de arte, onde tinha desenvolvido um ótimo trabalho de investigação com sua capacidade, organização e inteligência, na maioria das vezes se passando por comprador das obras roubadas. Com sua especialidade em disfarces, ele e sua equipe desarticularam várias quadrilhas internacionais compostas por pessoas acima de qualquer suspeita, desde colecionadores de caráter duvidoso da alta sociedade internacional até membros da sociedade de Rio de Rosário. Recuperaram muitas obras de arte de grande valor, reduzindo o prejuízo dos museus e das seguradoras.

   
TRECHOS DO LIVRO.












Malone investigava suspeitos que praticavam delitos sem o uso da violência e com alto grau de sofisticação, o que exigia uma investigação inteligente e nenhum confronto (suas especialidades). A Delegacia de Roubos a Bancos, um verdadeiro antro da polícia, nos últimos meses teve três delegados afastados por possíveis desvios de conduta com associação ao crime organizado e vários detetives foram presos. O delegado se sentia como o próprio Cavalo de Troia sendo introduzido nesta delegacia como se fosse um vírus, embora do bem, com a missão de destruir as células cancerosas da corrupção.

     Sua equipe ficou na outra delegacia e somente o detetive Ribeiro foi liberado para acompanhá-lo, embora não inspirasse muito sua confiança. Mesmo assim, Malone sentia mais prazer agora, como se o tempo pudesse andar mais rápido caso cumprisse sua missão.

     Depois de toda essa reflexão, o delegado segue até seu quarto e despede-se da esposa com um beijo. Ela, ainda na cama, abre os olhos, sorri e lhe deseja bom-dia. O delegado desce para a garagem, entra no carro e, logo na saída, um pouco distraído, quase se envolve num acidente. Um Vectra cinza freia bruscamente, antes de atingi-lo na lateral. Malone salta do carro e dirige-se aos ocupantes do veículo. Seu paletó está desabotoado e a arma na cintura fica à mostra. Ele tenta se desculpar, contudo, antes que possa se expressar, o jovem ao volante do Vectra engata a ré e arranca com o carro cantando pneus. Uma picape S10 preta que vem logo atrás faz o mesmo e quase atropela o delegado, que pensa que sua arma pode ter assustado o rapaz e sua atitude não foi bem interpretada. Achou normal as circunstâncias do evento, pois o número de agressões no trânsito é alarmante, o que deixava todos nervosos e apreensivos nos dias de hoje. Malone volta ao carro e segue para a delegacia

quinta-feira, 24 de março de 2016

JOGO SUJO CIDADE DO CRIME

Malone pensava com seus botões: “Será que um dia isso terá fim? Será que o
poder público chegou ao fundo do poço? Será que os promotores se eximem da culpa e
perderam a liberdade de atuação ou se acovardam? Será que os juízes perderam a força


para aplicar com braço forte o peso das sentenças e perderam o juízo da gravidade da
situação? Será que um dia haverá Justiça digna e de confiança da qual possamos nos
orgulhar? Será que um dia teremos governantes que usarão o dinheiro público de forma
honesta.
O delegado Antunes Malone, lamentavelmente, chegava à triste conclusão de
não ver saída a curto prazo para a crise. Ele sabia que a mudança que ele e milhões de
rio-rosarianos esperavam levaria algumas décadas. Os políticos, apesar de eleitos pelo
povo, quando assumiam o poder mostravam a sua verdadeira face. Era algo comparável
à ocupação romana no auge do seu gigantesco poder. A conclusão de Malone era de que
se havia voltado no tempo, sendo hoje governados por falsos tribunos que só defendiam
seus escusos interesses e por Césares que só aumentavam seus impérios financeiros –
espoliando o país e dividindo, numa espécie de colegiado, as riquezas desviadas do
Estado.
Malone sabia que não tinha poder. Mas ele tinha a consciência tranquila por não
fazer parte de todo o engodo contra o povo de sua cidade. No mais, ele ficaria satisfeito
de poder achar uma fórmula para cooperar com o início de uma reação contra a
pandemia moral que contaminava indivíduos sem escrúpulos, causadores de notória
desordem humana.
O que mantinha viva sua esperança era que Malone amava sua cidade e ainda
não havia perdido a fé. Rio de Rosário encanta pela beleza natural e faz bom proveito
do turismo, uma das suas principais fonte de renda. Os bancos, com seu sistema falho,
atraem grande número de investidores de todas as espécies, ávidos por lucros rápidos e
de fácil conexão. Com isenções de impostos instituídas pelo governo local para atrair o
capital estrangeiro, o dinheiro entrava e saía da Bolsa de Valores sem nenhum problema
e Rio de Rosário, por conseguinte, se tornava o centro financeiro do país e da máfia
estrangeira.

segunda-feira, 21 de março de 2016

JOGO SUJO CIDADE DO CRIME











O início da nova jornada

     Toca o despertador às 6h30. É quinta-feira de uma manhã chuvosa, um daqueles dias em que não se deve sair de casa. O delegado Antunes Malone acorda, beija a mulher e vai até a janela do quarto, que fica no segundo andar de sua casa no bairro Azul. Desloca ligeiramente a cortina e observa, por um instante, a chuva que cai. Em seguida, faz um breve alongamento na sala, vai para o banheiro e liga o chuveiro. Enquanto a água esquenta, olha-se no espelho e o que vê é um homem cansado. Sua viagem a Paris não fora suficiente para descansar seu corpo e sua mente. O dia a dia tem sido estressante nos últimos tempos, com noticiários divulgando ameaças de meteoros vindos contra a Terra.

     A cobrança por resultados é também constante, mas Malone não o lamenta. Afinal, havia sido a vida que escolhera para si. Poderia ser economista como seu irmão, mas tinha lá suas razões quanto ao capitalismo selvagem contra seu país e supunha não dar certo em tal carreira. Talvez poderia seguir a medicina tal como seu pai, mas ele mesmo acabou morrendo por um erro médico e Malone pensava com seu botões: “Ainda bem que os meus dois filhos estudam no exterior e escolheram ser cientistas”. Para ele isso era um conforto, até porque havia muita violência em Rio de Rosário

JOGO SUJO CIDADE DO CRIME.

Imagens do lançamento.

terça-feira, 15 de março de 2016

JOGO SUJO CIDADE DO CRIME


TRECHOS DO LIVRO
 E- BOOK



As ruas estavam às escuras e sem luz devido à chuva ou pelo tiroteio ocorrido
entre traficantes e pela disputa entre facções criminosas pelo controle do bairro Marrom.
Os moradores do bairro ficaram trancados dentro de casa e, com a noite chegando,
estavam à luz de velas, pois os técnicos da companhia de luz não ousavam vir enquanto
a polícia não chegasse ao local.
Como era rotina, todos sabiam que a normalidade só voltaria depois de algumas
horas, só quando ‘baixasse a poeira’ ou a ‘vaca tossisse’, tal como ressaltavam os
moradores em sua gíria.
Já eram mais de 23 horas quando a polícia chegou com dois carros e seis
policiais, que pareciam tranquilos para estabelecer a ordem após a carnificina. A perícia
fotografava os corpos sem isolar a área e curiosos circulavam entre os cadáveres. Logo
depois, deram ordem para dois rabecões recolherem oito corpos, sendo a maioria a de
negros e de prováveis jovens. No local, todos estavam enfileirados e de costas como se
tivessem sidos executados e todos tinham perfurações nas nucas. Alguns mantinham as
mãos ainda para trás como se houvessem sido amarrados antes das execuções, pois
havia marcas de fios bem apertados nos pulsos.
A polícia não perdia tempo tentando achar testemunhas porque a maioria dos
moradores trabalhava longe de casa e a rua era exclusivamente residencial. Além disso,
os poucos moradores que estavam em casa provavelmente foram para debaixo de suas
camas para não serem atingidos por uma bala perdida, que era uma das causas de morte
mais reais e assustadoras entre os residentes.
A ação da polícia foi muito rápida e a perícia não esteve só. O detetive Romão
estava sentado no banco de um bar e, tomando uma coca-cola, comandava a operação a
certa distância. Romão dizia aos colegas que não queria sujar seus sapatos novos com o
sangue das vítimas e, bastante agitado, gesticulava e ordenava para andarem rápido,
pois não tinha o dia todo. Para um bom policial no comando de uma investigação tais
atitudes estariam fora dos padrões, mas esse era o padrão da polícia em Rio de Rosário.
Romão tomava as decisões de forma afoita e apressada enquanto os policiais, sob seu
comando, seguiam recolhendo cartuchos pelo chão sem muito cuidado, pois vários
cartuchos ficaram no meio fio e outros foram empurrados para dentro do esgoto.

quinta-feira, 10 de março de 2016

JOGO SUJO CIDADE DO CRIME

TRECHO DO LIVRO

Colocando a maleta sobre a mesa, o embaixador pergunta:
– Vocês querem beber alguma coisa?
– Não bebemos álcool, só se for uma carreirinha de pó ou refrigerante –
responde um dos rapazes.
– Pó eu não carrego, mas podem escolher o refrigerante no frigobar. Eu também
não bebo e o hotel hoje só colocou refrigerantes. Fiquem à vontade, matem a sede de
vocês.
Os dois se dirigem ao frigobar e cada um deles pega uma soda e a bebe quase
numa golada só. Ansiosos para contar o dinheiro, abrem a maleta eufóricos e notam que
os pacotes de notas de euros estavam em maços de cinquenta mil. Em seguida, eles se
apressam tentando colocá-los em suas mochilas enormes.
O embaixador se acomoda no sofá e observa a tudo atentamente, prevendo algo.
Os rapazes de repente diminuem o ritmo frenético, uma vez que seus braços parecem
não responder mais à sua vontade. Os dois param ao mesmo tempo, olham para o
embaixador e, num último inútil esforço, tentam levar as mãos à cintura a fim de
sacarem suas armas. O embaixador se levanta calmamente, aproxima-se de um deles,
retira a sua arma e fala em seu ouvido:
– É inútil reagir, pois dormirão em um segundo...
Antes que o embaixador concluísse a frase, os dois rapazes caíram de costas
desmaiados.



O embaixador pega todo o dinheiro de volta e recoloca os maços na maleta.
Dirige-se ao telefone do hotel na cabeceira da cama, aperta a tecla 1, a recepcionista
atende e ele diz:
– Sofia, é o delegado Malone. Manda o detetive Ribeiro e sua equipe ao
apartamento para recolherem a dupla dinâmica. Os anjinhos dormiram.
– Delegado, hoje foi muito rápido. Não vamos pagar nem sequer uma diária ao
hotel.
– Eles estavam com muita pressa, Sofia, e foram com muita sede ao pote.
Resolveram dormir mais cedo, detetive – respondeu o delegado, demonstrando que a
recepcionista também é uma agente da lei.

quarta-feira, 9 de março de 2016

sexta-feira, 4 de março de 2016

JOGO SUJO CIDADE DO CRIME

Trecho do livro







Como várias cidades do extremo sul do planeta, Rio de Rosário também vive uma epidemia malévola e algo sinistro toma conta de tudo sutilmente, como sendo um poder paralelo. Percebe-se uma inércia no ar que favorece os bandidos e os conspiradores de plantão. Milhares de cruzes são fincadas quase todos os dias sobre rios de lágrimas, respingadas do sangue de inocentes vítimas de balas perdidas e de assaltos nas saídas de bancos, dentro dos ônibus, nos trens e nos metrôs. A violência não escolhe vítimas, pois crianças, velhos e policiais são todos vitimados por essa onda nefasta. Ademais, corriqueiramente algumas cidades são sitiadas por bandos armados que nos remetem ao passado, fazendo-nos relembrar o faroeste do tempo das diligências













Trecho do livro JOGO SUJO CIDADE DO CRIME

domingo, 28 de fevereiro de 2016

TRAPAÇAS DO DESTINO CAUSA E EFEITO

TRECHOS DO LIVRO




A um ditado que diz “ A vida da muitas voltas” que podem nos levar ao abismo e arremessar-nos ao topo. É inevitável esse embarque para essa viagem nesse universo desconhecido
Questionamentos para alguns certezas para muitos . E principalmente os mistérios que todos tentam decifrar, e dai o porque da palavra mágica que todos tentam interpretar “Destino” . Razões nunca faltarão para podermos alimentar esse universo de questões indubitáveis . O mistério que entrelaçam aparentemente vidas distintas de forma inusitadas e sem dúvida a grande razão para tentarmos decifrar esse mistério penetrando nesse questionamento, tentado de uma forma contextual extrair a sensibilidade a razão e o porquê










Jose Francisco não parava de escrever, por impulso ou inspiração,
o ritmo era o mesmo, pois tempo não lhe faltava, e essa
necessidade era imperativa para ele em busca de uma vertente.

Saudades..

“Se este meu querer
Por ti me dá prazer.
Se tudo que eu penso
Me leva até você.
Nem a distância apaga a lembrança
Deste amor que trago guardado.
Recordo lisonjeado
Os doces beijos teus.
O sonho não acabou.
Bons momentos ficaram guardados,
O tempo não passou.
Quisera meu bem, quisera.
Que a vida que se revela
Seja melhor que uma novela,
Não repita as mesmas histórias.
De capítulos requentados e dramas repetidos,
Por amor não correspondido.
Comigo vai tudo bem, Contigo espero também,
E o que espero da vida é o que nos faz bem.
Se não foi possível viver um grande amor,
Também não causou tanta dor.”

Lampejos.

“Ainda bem, não anoiteceu, já dormi.
Ainda não amanheceu, despertei.
Ainda bem, não te conheci,
Já te amei.
Ainda bem, não te beijei,
Te perdi.
São lampejos da vida, já esqueci”.

Como um navegante que vive um sonho de amor em
todos os portos nas suas viagens do inconsciente, ele
transformava suas inspirações numa realidade quase presente,
 por isso era essa vertente que fazia José Francisco divagar nas ondas
do seu coração e escrevia sobre a ausência de um grande
amor fruto dos seus devaneios, verdadeiros ou não, ficando
latente a sua solidão.

Procura.
“Pelos mares da minha imaginação naveguei.
E por ti procurei.
E perdido na imensidão do mar da ilusão quase naufraguei
meus sonhos encoberto pelas ondas do meu coração.
No horizonte, tentei descobrir outro amor, em terras que
nunca vi.Tempestades e tormentas enfrentei, no mar do amor que
naveguei.
De vagões escapei.
Sem esperanças de encontrar o amor, virei o leme do meu
coração, tentando encontrar meu caminho, segui as estrelas que
guiavam o rumo da minha solidão. E no porto que ti perdi,
atraquei meu coração. Recomecei a sonhar com este amor navegante para encobrir esta dor nauseante, e ancorada ficar.
Neste porto seguro desembarcar meus sonhos, na esperança
de contigo ficar.

 Tempo.
“Tudo tem seu tempo, tempo pra sonhar.
Nem tudo o vento leva para dispersar
Há sempre uma brisa leve
Para sentir e sonhar
E quando vem a tempestade
Para alertar
Dizem que sempre há um tempo
Para despertar
Na procura de um amor pra acalentar
Dispersar a tristeza
Quando o inverno chegar.
Sempre haverá um sonho para realizar”

O incansável Francisco embala seus sonhos seus desejos e
Devaneios nos muros e paredes sem tempo a perder, versejava pois, cada dia era o novo dia no seu amanhecer, às vezes lúcidos às vezes conturbados  não havia tempo a perder ele dava asas a sua imaginação.

 Desencanto.
“Quando buscamos momentos eternizados em sonhos,
Esquecemo-nos da realidade, achamos que tudo será para sempre.
Não sabemos o que reserva o destino.
Todo sonho desfaz-se, em lágrimas, em um piscar do tempo,
nada será como antes.Amenidades, futilidades tomam conta da relação.
Vaidades deturpam o ser que conhecemos, desfazem o encanto que tivemos”.

Anos atrás.
A vida pregou peças em José Francisco, como se
quisesse testar sua resistência para a vida

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

O MENINO QUE QUERIA VOAR

O menino sempre ouviu com atenção as histórias que seu irmão contava de um menino sonhador, de nome Zé Polin, o pequeno inventor. Ele morava do outro lado do Morro do Fama e tinha um sonho equidistante do seu mundo real: queria ser aviador. De tanto ouvir lendas de homens que voavam em máquinas voadoras, o menino sonhador, um dia, por acaso, viu bater à sua porta em uma tarde de vento forte, prenúncio de tempestade. Curioso com a batida insistente, pensou que era gente. Correu para a porta apressado, abaixou a tramela, e, ansioso, foi logo abrindo a porta da sala para ver quem batia insistente; assustou-se por não ver ninguém. Com seu olhar de menino desolado, deparou-se somente com um vento forte e gelado. Era o mau tempo, vindo ao seu encontro. O vento trazia consigo uma folha de jornal que agarrou em seu rosto. Surpreso pelo ataque da folha de papel, o menino sonhador pensou em rasgá-lo, mas, ao retirar o incômodo da sua face, uma ideia aflorou, pois um recorte de jornal impresso em francês, escrita que ele não entendia, nenhuma relevância tinha naquele momento. Porém, seus olhos vidrados se mantinham em uma imagem, e no brilho do seu olhar de menino sonhador pôde se ver alegria. Seu sorriso tomou conta do seu rosto, seus olhos amendoados arregalaram-se ao se deparar com a imagem dos seus sonhos em um velho e sujo recorte de jornal, provavelmente, deixado no Morro do Fama por um passante da cidade grande, que visitou aquelas bandas, e desfez-se da aquisição. A foto do velho jornal mostrava o avião 14-bis e foi isso que despertou o desejo do menino Zé Polin, aguçando sua mente de inventor. Ele passou a viver e a sonhar com essa foto debaixo do seu travesseiro. Dias depois, colocou em prática seu projeto, dando asas à sua imaginação. Durante meses, trancado no celeiro, trabalhou duro com o material de que dispunha e, depois de muito esforço, erros e acertos, ele construiu uma suposta réplica, sem motor, da sua aeronave. Ele se sentiu um menino inventor e não via a hora de experimentar seu invento. Esperava ansioso. Manteve o segredo escondido dos seus pais no celeiro, abandonado por algum tempo, embaixo de um monte de feno. A engenhoca era constituída de uma asa com armação de madeira, varas de bambu e pano de linho velho, sobras do armazém do João Gouvêa, que ficava perto de sua casa, na estrada da Maravilha. O armazém será o único que vendia retalhos, secos e molhados na região. Como bom artesão, o menino sonhador teceu a sua invenção usando uma agulha de sapateiro do seu pai, costurando com barbantes e correias - tiradas das celas do seu cavalo – a fim de amarrar, ao seu corpo, sua invenção tecnológica com mais segurança. Na confecção da asa, usou também corda de sisal, que era usada para fechar os sacos de cereais. Zé Polin esperava seus pais saírem para trabalhar na lavoura. Quando estava só em casa, subia o Morro do Fama e, de cima de um tronco de árvore caído à beira do precipício, soltava-se, tentando voar, em direção ao vale da fazenda Maravilha. Depois de várias tentativas infrutíferas e alguns ossos quebrados, sua mãe descobriu sua arte, e achou por bem trancá-lo em casa, para que não morresse, tentando alcançar o seu sonho, que se transformara em seu pesadelo.

#FILHOS DO BEM FILHOS DO MAL#

FILHOS DO BEM FILHOS DO MAL. Vídeo Clipe! Criado por: João 07/04/2025 O mundo tem. Certos. Conceitos. Que precisam. Ser refeitos. ...