Lembrei de você quando li esta citação de "Trapaças do Destino: causa e efeito" de João MC Jr. -
"Tempos atrás: Rio, 1965 Depois de passar meses juntando dinheiro, trabalhando como doméstica em casa de família para voltar à sua terra, Maria levou dias na estrada. Por várias vezes, viu-se obrigada a fugir de assédios e, preventivamente, se armou, comprando uma faca na cidade onde o ônibus fez uma parada. Na cidade seguinte estaria prevenida. Dias depois, em uma parada em um posto de abastecimento, foi encurralada no banheiro por um homem asqueroso, que não esperava a reação daquela menina que fingiu aceitar o assédio, e pôde pegar sua faca na bolsa. Mas, antes de desferir um golpe no estuprador, que tentava dominá-la, para sua sorte, ele escorregou no sabonete que caiu da mão de Maria e bateu com a cabeça na pia. Zonzo pela pancada, tornou-se mais agressivo e partiu para agredi-la. Maria conseguiu desvencilhar-se e deixou sua faca penetrar na altura do abdômen do agressor, que tentava estuprá-la. Ela olhou sem dó para aquele verme, que estrebuchava no chão do banheiro, tentando segurar sua mão e esboçando as últimas palavras, implorando por socorro. Maria abaixou-se, limpou a faca na roupa do indivíduo, guardou em sua bolsa e embarcou no ônibus que já estava de saída. Com sua experiência de vida, jurara para si mesma que morreria lutando, mas nunca mais passaria por outra situação a qual fora vítima no passado. A vida lhe ensinara da forma mais cruel a se defender, e não se arrependia do seu ato. O verme, como ela classificara seu agressor, havia ficado esvaindo-se em sangue, no banheiro da estrada, e ela embarcou, tranquilamente, seguindo viagem sem nenhum remorso."
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