UM CONTRA TEMPO DENTRO DA HISTÓRIA.
Sinopse:
Tempos atrás, homens dignos, de
ideais claros e objetivos, sucumbiram ao ousar defender e a amar um povo nativo
que os acolhera com amor. Suas determinações por séculos os levaram a defender com
galhardia esse mesmo povo de vários clãs e de novos exploradores ambiciosos, que
visavam somente à exploração das suas riquezas naturais e espoliavam seus
monumentos, seus tesouros históricos. Por séculos, esses clãs seguiram impondo
um regime cruel nefasto, exterminador e escravocrata. A história não registra o
nome desses homens idealistas em seus anais, para os historiadores eles não existiram,
mas suas ideias germinaram, seus feitos não foram de bravura sanguinolenta ou
heroísmo desvairado, e seus algozes os temiam por serem, semeadores de ideias. O
último homem a tentar subverter tal ordem usou como arma seu espírito
democrático e a perseverança. Mesmo perseguido, não mudou sua forma de luta.
Chacon era um homem pacífico, que adotara
o lema da igualdade racial, da paz e da sabedoria para vencer seu inimigo
ideológico e lutar contra seu próprio medo. Seus feitos são relatados por aqueles
que viveram no seu tempo e leram seus manifestos, colados em muros, igrejas, bancos
de espera de hospitais e de praças públicas. Os que compartilharam da sua luta de
fé não se esqueceram jamais da sua determinação. Ele teve a coragem de
desmistificar a histórias desses homens que se passavam por homens de bens, em
nome de uma nova ordem mundial. Ao concluir seus estudos sobre a origem desses
clãs, e sobre suas conquistas, ele deixou escrita sua teoria sobre eles, o que
foi um alerta para os seus seguidores, e leais companheiros de luta;
-Desde os tempos remotos da
civilização, alguns homens, com sua bravura e sabedoria, uniram aldeias e
tornaram-se reis, de vastas extensões de
terras, criando um país. Expandiram seu reinado por vários continentes. Tornaram-se
poderosos, criaram impérios de dimensões continentais. Para perpetuarem esses
feitos históricos para eternidade, usaram povos, dominados por eles como mão de
obra escrava, para construírem grandes monumentos em homenagem ás suas
conquistas. Ao acumular grandes riquezas, se tornaram egoístas ambiciosos. Por
ostentarem seus bens materiais, ornamentados em ouro e pedras preciosas, tornaram-se
alvo da cobiça dos seus generais, de antes queridos e de outros povos. Com sua sabedoria
ardilosa, souberam se defender contra intrigas e traições.
Por
longo tempo, esses homens, vistos como heróis ou semideuses, delinearam o mapa
do mundo comandando grandes exércitos, protegendo seu reinado dos agressores e
se impondo como conquistadores. Constituíram famílias, criaram dinastias,
ungiram herdeiros como deuses para substituí-los quando estivessem velhos para
governar. Mas a cobiça entre seus herdeiros antecipava essas sucessões. Através
de traições e possuídos pela cobiça, eliminavam todos aqueles que estivessem no
seu caminho sucessório ao trono, inclusive o próprio rei, o seu próprio pai ou seu
próprio irmão. Para sucedê-los, seriam capazes de envilecerem-se para atingir seus
objetivos.
Esses homens sem escrúpulos praticaram por
décadas ardilosamente todo tido de traição. Chacon, líder dos camponeses de San
José de Talvegue, alertava aos menos instruídos do povo nativo em seus
discursos de esclarecimentos sobre seus deveres e seus valores, seus direitos legais
e históricos; lutava por um povo que vivia pacificamente e que desconhecia a
sua força. Eles foram excluídos desse processo por serem descendentes dos
nativos que habitaram essas terras há milhares de anos. Eles desconheciam m que
possuíam um legado, uma história milenar sobre aquele solo, sobreos verdadeiros
donos das terras em que viviam.
Chacon
por mais de uma década lutou contra a tirania de ocupação de um clã ambicioso. Ele
mantinha as suas convicções de que para entender o presente, devemos pesquisar os
anais da história para conhecer o legado e seus legatários.
A
forma como foram constituídos, idealizados
e sacramentados em seus pergaminhos e seus monumentos foi relatado unicamente por
seus escribas em seus livros e por toda a espécie de aventureiros que compartilharam
esses momentos de conquista e povoaram regiões remotas deste planeta.
Chacon
estudara com afinco a história o continente em que vivia e se tornara conhecedor
de que, no passado não muito distante, certos clãs foram constituídos por esses
aventureiros, que da mesma forma construíram grandes cidades, onde quase nada
existia. Transformaram aldeias em países, e povos considerados primitivos,
silvícolas, nômades foram domesticados, contra sua vontade os que tentavam
resistir a essa nova ordem eram considerados transgressores das leis
constituídas por eles,uma constituinte sem a participação dos nativos.Se
reagiam contra os opressores em buscas de seus direitos, eram denominados como
guerrilheiros, baderneiros. Quando escapavam das milícias, eram julgados a
revelia e marginalizados. Conhecedores das fraquezas desses povos nativos, sabiamente
catequizaram,doutrinaram, iludiram e escravizaram. Chacon conhecia as suas
artimanhas e as suas pretensões expansionistas, sabia da sua capacidade de
ludibria-los pois não tiveram as suas terras registradas nas leis, que os
exploradores criaram para espoliá-los das suas riquezas e das suas terras-
nunca houve na história desse povo a necessidade de tal lei.
Esse
era o único e verdadeiro objetivo dos novos exploradores, que ao dominarem, para
extinguir as aspirações dos povos, passariam a serem os únicos donos das terras.
Chacon
dizia que ao conhecê-los melhor poderíamos reescrever a história, esse momento
obscuro que vivemos e nos remete ao passado. De alguma forma, esses
aventureiros nos fazem querer decifrar seus segredos, seus códigos de conduta, sua
irmandade e os relatos dos seus feitos heróicos. Há no universo das pesquisas
bons motivos.
Ao
criar novos conceitos sobre as suas conquistas, descobriremos quem são os
verdadeiros heróis da nossa história?Os que subjugam ou os subjugados? Podemos questionar
sobre outros pontos de vista? Conhecer toda a espécie de homens que desbravaram
essas terras desconhecidas, descobrindo novos mundos e novas civilizações, por
séculos ajudaram seus sucessores a construir o seu próprio futuro e destruíram
o presente de outros povos. Criaram histórias que foram escritas com sangue,
por uma suposta bravura.
Suas mentes maquiavélicas foram determinantes
nesse processo de domínio, considerados por eles inteligência maior. Eles amaram,
na mesma intensidade com que odiaram o seu semelhante, formando-se mestres em
traições, em busca da riqueza e poder. Homens aventureiros, conquistadores, destemidos,
ambiciosos, homens possuídos pela cobiça, almejam conquistar tudo que estiver
ao seu alcance, não medem esforços para atingirem seus objetivos, comumente de forma
ilícita. Para eles, o preço da traição só será pago com a morte dos oponentes, agem
como se fossem juízes e carrascos, criam suas próprias leis para se protegerem
e para justificarem seus atos de barbárie, estabelecem uma apartheid para
manterem seu poder absoluto de conquista sobre os mais fracos, e dessa forma se
enriquecem com bens alheio.
Através
de rituais, manipulam seus seguidores, usam a força e o poder para subjugarem
os mais fracos. Para eles, o dinheiro também compra o amor e sua suposta
felicidade, mas quando matam por vingança e esquecem a sua origem, se perdem na
sua busca incessante da riqueza e do poder. Mesmo que atinjam seus objetivos, soberbamente
estarão possuídos pela cobiça. Praticam em rituais malignamente consolidados
seus laços de fé obscura, que dão ênfase às suas iras, por sede de poder, e desgraçadamente
negociam a sua alma. Talvez levem décadas para descobrirem que ao colocar a
ambição acima de todas as coisas, suas conquistas não irão perdurar, e sua ruína
não tardara.
Governantes
oriundos de vários clãs, que se estabeleceram de forma obscura no poder por séculos,
dizem que não se pode mudar a história já escrita e consolidada, que não há
como mudar o destino de raças predestinadas a serem dominadas por outra raça supostamente
superior, como se fosse o destino que estabelecera tal ordem ao universo da
humanidade, e, portanto, se justificam, como se não houvesse injustiças
cometidas por eles. Quando julgados, não sentem culpa pelos crimes praticados ao
longo dos anos de opressão.e consideram que suas conquistas e suas riquezas tenham sido fruto da
espoliação das riquezas desses povos. Não consideram crimes seus erros
cometidos pela desumanidade, agem como bárbaros, déspotas, tiranos, ditadores e
corruptos, que não podem reparar o passado para construir o
futuro, e devolver
tudo que tiraram por séculos de povos oprimidos - como dignidade, perseverança
e autoestima.
Mas
sempre haverá homens como Chacon, que
acreditam que se pode escrever uma nova história para o seu povo, fruto de uma
luta democrática, de uma consciência plena sobre seus direitos universais, como
seres iguais perante a lei, que um dia servirá para punir todos os tiranos,
ditadores, corruptos.
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