mais uma noite ao relento. Tentava aconchegar-se em baixo
de uma marquise, pois o tempo anunciava uma tempestade.
Já passavam das 9h da noite, a cidade adormecera mais
cedo.
Nesse dia, as ruas estavam desertas, poucos carros
circulavam
pelo centro da cidade, os bares nas redondezas estavam
vazios como a alma de alguns poucos passantes proibidos
de
aglomerarem-se, como era o hábito das pessoas nos finais
de
semana, especialmente às sextas-feiras, na Cinelândia.
Por
ordem do governo constituído, o cinema Odeon não teria a
sessão das 10h, deixando os casais de namorados
frustrados por
não terem direito ao escurinho do cinema. Lamentavelmente
para o público em busca de lazer e boêmios da noite
carioca,
os teatros e boates dos arredores estavam sob um toque de
recolher. Artistas fechavam desiludidos seus camarins,
enquanto músicos guardavam seus instrumentos desolados,
prostitutas e gigolôs deixavam as ruas, recolhiam-se aos
com trovoadas e raios e ameaçadoras descargas elétricas:
era
prenúncio de tempestade. Como de costume nessa cidade,
chuvas torrenciais e repentinas poderiam ocasionar
enchentes
e causar danos difíceis de reparar, deixando uma mácula
na
cidade e nas pessoas, e poderia deixar todos incautos
presos
nesse túnel do tempo nebuloso. A jovem, extremamente cansada,
procurava uma posição que não a deixasse comprimindo sua
barriga protuberante e se ajeitou recostada à parede pichada
em letras garrafais
procurava uma posição que não a deixasse comprimindo sua
barriga protuberante e se ajeitou recostada à parede pichada
em letras garrafais
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