TRECHO DO LIVRO
Tais fatos foram protagonizados por seus moradores
e eram perpetuados nas lembranças dos prosadores,
noctívagos e contadores de histórias desse passado
inusitado. Nesse tempo de labor, as forças da natureza
determinavam o rumo que os moradores dessa região
deveriam tomar ao confrontar-se com as intempéries,
decorrentes do tempo sombrio, a que foram submetidos,
como testes às suas convicções.
Messias, como era chamado, sacou sua arma,
deu um passo à frente, fez a mira como se fosse um duelo
quando só há uma chance de abater o inimigo. Ele atirou
sem tremer ou pestanejar, e a fumaça tomou conta do
cenário. Quando clareou o ambiente, pode se ver que ele
havia abatido a onça com dois tiros entre os olhos, usando
sua inseparável garrucha de dois canos. Enquanto seu pai
vibrava com seu feito, o menino aproximou-se da onça e
acariciou o animal, entristecido.
comprovados por caçadores colecionadores de relíquias,
que negociavam unhas e pelos dos supostos lobisomens
que os deixavam grudados na figueira ao fugir dos
cachorros de caça da região. Esses fatos só ocorriam
depois da meia noite na lua cheia. o mais convincente de
todos era Zeca Calango, mestiço de olhos verdes e forte
como um touro, exímio tocador de acordeom. Ele gostava
de cantar cantiga de rima, antes de começar a narrar suas
histórias como a rima que lhe deu nome, Calango tango
no caminho da lacraia vou tocando e me rindo no
calango, atrás de um rabo de saia. Vindo das cercanias de
Arcozelo, Zeca Calango contava suas fábulas sempre
com um sorriso de canto de boca, valorizadas por três
dentes de ouro. A sua preferida era da mula Fantasma.
Dizia que, na lua nova, no alto do Morro do Fama, a mula
sem cabeça trotava na estrada, soltando labaredas da
degola e por onde passava deixava um rastro de destruição
e terror, incendiando lavouras, cafezais e ranchos.
Afirmava convicto de suas histórias, que esta alma
penada era da mula de um escravo de nome Justino, que
recebera a mula do seu senhor, o Conde de Avelar, como
prêmio por nunca ter sido castigado todo o tempo em que
fora escravo de um único senhor. Mas o fato ocorrido no
passado em uma fatídica noite de lua cheia com a mula
desse pobre homem deu origem à suposta lenda para
alguns e fato real para os sábios da região, principalmente
ele, o destemido Zeca Calango, que se apresentava como
descendente do escravo Justino.
Tais fatos foram protagonizados por seus moradores
e eram perpetuados nas lembranças dos prosadores,
noctívagos e contadores de histórias desse passado
inusitado. Nesse tempo de labor, as forças da natureza
determinavam o rumo que os moradores dessa região
deveriam tomar ao confrontar-se com as intempéries,
decorrentes do tempo sombrio, a que foram submetidos,
como testes às suas convicções.
Messias, como era chamado, sacou sua arma,
deu um passo à frente, fez a mira como se fosse um duelo
quando só há uma chance de abater o inimigo. Ele atirou
sem tremer ou pestanejar, e a fumaça tomou conta do
cenário. Quando clareou o ambiente, pode se ver que ele
havia abatido a onça com dois tiros entre os olhos, usando
sua inseparável garrucha de dois canos. Enquanto seu pai
vibrava com seu feito, o menino aproximou-se da onça e
acariciou o animal, entristecido.
https://www.chiadoeditora.com/livraria/o-menino-que-queria-voar
Todos esses fatos eram
comprovados por caçadores colecionadores de relíquias,
que negociavam unhas e pelos dos supostos lobisomens
que os deixavam grudados na figueira ao fugir dos
cachorros de caça da região. Esses fatos só ocorriam
depois da meia noite na lua cheia. o mais convincente de
todos era Zeca Calango, mestiço de olhos verdes e forte
como um touro, exímio tocador de acordeom. Ele gostava
de cantar cantiga de rima, antes de começar a narrar suas
histórias como a rima que lhe deu nome, Calango tango
no caminho da lacraia vou tocando e me rindo no
calango, atrás de um rabo de saia. Vindo das cercanias de
Arcozelo, Zeca Calango contava suas fábulas sempre
com um sorriso de canto de boca, valorizadas por três
dentes de ouro. A sua preferida era da mula Fantasma.
Dizia que, na lua nova, no alto do Morro do Fama, a mula
sem cabeça trotava na estrada, soltando labaredas da
degola e por onde passava deixava um rastro de destruição
e terror, incendiando lavouras, cafezais e ranchos.
Afirmava convicto de suas histórias, que esta alma
penada era da mula de um escravo de nome Justino, que
recebera a mula do seu senhor, o Conde de Avelar, como
prêmio por nunca ter sido castigado todo o tempo em que
fora escravo de um único senhor. Mas o fato ocorrido no
passado em uma fatídica noite de lua cheia com a mula
desse pobre homem deu origem à suposta lenda para
alguns e fato real para os sábios da região, principalmente
ele, o destemido Zeca Calango, que se apresentava como
descendente do escravo Justino.