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São minhas palavras perpetuando histórias. Revivendo as memórias de coisas que nunca vi. São minhas palavras que criam esse mundo misterioso, do real ao ficcional. COSTA, JOÃO. MEU PENSAR , CONTOS , PROSAS E POEMAS 2 (02) . Edição do Kindle.

sábado, 24 de setembro de 2022

O MENINO QUE QUERIA VOAR.NAS ASAS DA IMAGINAÇÃO NASCE UM DESEJO.

NAS ASAS DA IMAGINAÇÃO NASCE UM DESEJO. O Meninoque queria Voar . trecho. Os fatos ocorridos meses antes a fizeram passar por dois sustos, e isso a tornou mais alerta, sempre pronta a proteger seu pequeno tesouro. Um deles foi quando dona Candida viu seu filho sendo arrastado por uma porca que acabara de dar cria, abocanhando-o pela roupa no quintal e tentando levá-lo a todo custo para dentro do chiqueiro. Talvez, o animal quisesse servir o garoto de alimento aos porcos capados da raça White Chester, seus companheiros de chiqueiro, pai dos seus doze filhos suínos robustos. Eram todos animais introduzidos pelos ingleses na região no início do século. Porcos enormes criados para serem mortos e vendidos na cidade de Paty. Inutilmente, o menino franzino lutava e gritava por sua mãe que, por sorte, encontrava-se cortando lenha no quintal. Ao ouvir seus apelos, em segundos, ela surgiu para resgatá-lo e salvá-lo da fúria do animal. Obstinada, ela entrou em luta corporal com a porca, agarrando-a pelos pés. Seguiu-se uma luta desesperada entre aquela pequena mulher e o animal enraivecido. O outro susto que o menino passou, ocorreu quando ele se afastou da casa em direção à moradia do seu tio Margarino e, ao cruzar o pequeno córrego, deparou-se com uma onça-pintada, que investia contra sua presa, uma paca encurralada na beira do caminho. A onça faminta, ao ver o menino paralisado, parecendo ser uma presa mais fácil, abandonou a paca que, rapidamente, escafedeu-se mato adentro. Sua atenção voltou-se para o menino estático. Um misto de medo e admiração tomou conta dele, que permaneceu inerte, hipnotizado pela beleza daquela fera que ele via pela primeira vez, sem ter noção do perigo. A onça caminhava lentamente em sua direção, já imaginando uma refeição de fácil digestão, quando, por sorte do menino, seu pai apareceu por entre os arbustos onde fora buscar o cavalo Tinhoso, que pastava amarrado ao pé de carrapicho. Geralmente na parte da manhã, seu pai encontrava-se sóbrio e, assim, pôde perceber o perigo iminente para a vida do seu filho. Ele e seu fiel cão de guarda Capeta se puseram rapidamente à frente do menino, enquanto o cão rosnava, desviando a onça da sua possível vítima. Ele tomou a única atitude possível, antes que o animal atacasse. Messias como era chamado, sacou sua arma, deu um passo à frente, fez a mira como se fosse um duelo, quando só há uma chance de abater o inimigo. Ele atirou sem tremer ou pestanejar, e a fumaça tomou conta do cenário. Quando clareou o ambiente, pôde se ver que ele havia abatido a onça com dois tiros entre os olhos, usando sua inseparável garrucha de dois canos. Enquanto seu pai vibrava com seu feito, o menino aproximou-se da onça e acariciou o animal, entristecido. Messias, envaidecido com a façanha, sorria de orelha a orelha, mas, antes de tirar o couro do animal, com seu punhal de duas lâminas para ornamentar a parede da sala, chamou para registrar esse feito seu tio Sebastião Borges, o fotógrafo da região que, com sua máquina Kodak, eternizava as paisagens, festejos e eventos corriqueiros do lugar. Esse fato passou a fazer parte das histórias de caçadores que passavam por ali levando seus contos e lendas além das fronteiras de Maravilha, enriquecendo seu acervo verbal e literário popular. M.C. Jr., João. O menino que queria voar . SG Leitura Digital. Edição do Kindle.

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