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São minhas palavras perpetuando histórias. Revivendo as memórias de coisas que nunca vi. São minhas palavras que criam esse mundo misterioso, do real ao ficcional. COSTA, JOÃO. MEU PENSAR , CONTOS , PROSAS E POEMAS 2 (02) . Edição do Kindle.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

JOGO SUJO CIDADE DO CRIME

Enquanto isso, na América do Sul...

     Em Rio de Rosário o calor é abrasador e dizem que é por causa da guerra climática denominada de HAARP – um projeto de estudos sobre a ionosfera terrestre usado, por certos países, como arma secreta contra os países concorrentes. Talvez fosse esta a razão de o verão torrar os miolos das pessoas durante o dia com a temperatura constante de 55Cº, pela qual os mananciais estão secando e as chuvas fortes, típicas de dilúvio, inundam as avenidas com seus bueiros entupidos no final das tardes. Isso causa tremendos transtornos, provoca doenças advindas dos ratos e grandes engarrafamentos, o que também proporciona, aos delinquentes, a oportunidade de saquear os motoristas presos no trânsito.

     Como várias cidades do extremo sul do planeta, Rio de Rosário também vive uma epidemia malévola e algo sinistro toma conta de tudo sutilmente, como sendo um poder paralelo. Percebe-se uma inércia no ar que favorece os bandidos e os conspiradores de plantão. Milhares de cruzes são fincadas quase todos os dias sobre rios de lágrimas, respingadas do sangue de inocentes vítimas de balas perdidas e de assaltos nas saídas de bancos, dentro dos ônibus, nos trens e nos metrôs. A violência não escolhe vítimas, pois crianças, velhos e policiais são todos vitimados por essa onda nefasta. Ademais, corriqueiramente algumas cidades são sitiadas por bandos armados que nos remetem ao passado, fazendo-nos relembrar o faroeste do tempo das diligências.

     Sul da cidade

     Em um shopping no bairro Dourado, o detetive Romão, lotado na Delegacia de Roubos e Furtos, passeia com sua namorada. Eles entram numa loja de roupas femininas da marca Lellis France e sua namorada escolhe cinco pares de sapatos importados de 500£ e bolsas de R$ 2.000,00. Romão está sentado bem relaxado numa poltrona de couro, parecendo mais um DJ bem-sucedido trajando uma calça jeans da grife DL. Ostentando um relógio Rolex de ouro no pulso e um cordão de ouro com uma cruz cravejada de brilhantes, Romão age como uma celebridade do mundo do showbiz. É bajulado pelas vendedoras que já o conhecem como um possível novo rico, alguém que gasta sem reclamar. Muito solícitas, elas o agradam servindo, numa bandeja de prata, drinques e petiscos. Enquanto ele degusta canapés, azeitonas, calabresas e toma reforçada dose de uísque, sua namorada marombada e loiríssima gasta a rodo. Minutos depois eles saem do shopping abarrotados de compras e ele, na garagem, entra na sua Lamborghini modelo 2025, depois seguem pelas ruas do bairro Dourado.

     O verão de 40°C aumenta o fluxo de turistas e a cidade se transforma, em boa parte do ano, quase numa Torre de Babel. No seu momento surreal, Rio de Rosário transmite seu calor humano através de suas festas monumentais, pois ela é, pode-se assim dizer, uma cidade cosmopolita.

     Mas o poder paralelo do crime organizado cresce sorrateiramente no submundo sombrio da cidade. Seus chefões, em alguns casos, são vistos como homens de negócios e seus frutíferos e colossais empreendimentos estão diversificados e crescem dispersados por todo lado. Estão camuflados em alguns bairros nas fachadas discretas de boates, bares e prostíbulos de luxo em prédios de sua propriedade, juntamente a clínicas de aborto que rendem milhões e a pequenos cassinos parceiros das máfias local e internacional. São oferecidas noites de orgias animadas por boa dose de drogas ao alcance de todos. Em alguns pontos, inclusive, a prostituição é livre e menores frequentam os locais sem nenhuma restrição nem combate dos órgãos competentes.

     Percebe-se que a cidade tem um toque de jogos vorazes em suas entranhas, em que a competição tem dono, não tem limites e ao vencedor é resguardado o direito de enriquecer rápido. Vive-se uma roleta russa na qual não é você quem puxa o gatilho. Explosões rotineiras dão o toque de guerra terrorista à cidade e estraçalham caixas eletrônicos, saqueados à luz do dia e nas madrugadas sombrias. Nas ações dos bandidos, civis são feitos reféns e viram escudos para os bandidos em fuga. Na mídia essas cenas banalizadas aparecem por segundos, como sendo reflexos de trailers de gângsteres em cartaz. Constata-se que há uma fonte inesgotável de fornecimento de explosivos e de armas aos bandidos e que também há um lado glamoroso nisso, pois vive-se um clima de grande festa nos bairros Dourado, Azul e Amarelo, onde se desfruta de certa tranquilidade, mesmo que passageira.

     Nas ruas, por sua vez, a tranquilidade pode ser duradoura nas fortalezas das classes do poder, nos seus carros blindados e pela garantia dada por seguranças particulares.

     Esse antagonismo demonstra de forma desumana dois extremos vivendo na cidade e tal paradigma determina o modelo conceptual equivocado vivido e fora de controle. Extrapola-se o bom senso e algumas retaliações aos bandidos são proporcionadas, que excedem suas fronteiras e atacam pessoas ilustres em demonstração de força.


     A consequência é que o véu da beleza que cobre a bela cidade banhada pelo Atlântico Sul e de clima tropical, que contagia a todos que a visitam, às vezes cai. Em contrapartida, verifica-se uma realidade cruel do outro lado da cidade, longe dos holofotes da mídia e do olhar de muitos. Nas periferias do bairro Marrom as mazelas e a violência imperam, mesmo assim, tal como se propaga na mídia, Rio de Rosário ainda é considerada uma das melhores cidades do mundo e é uma cidade caliente e bonita por natureza. Mas a decadência moral e o declínio do poder estão favorecendo os criminosos mais astutos, que diversificam seus ganhos com o crime organizado.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

JOGO SUJO CIDADE DO CRIME

Paris, ano 2025
Na Europa, há muitos dias longe do caos urbano de Rio de Rosário, Malone e
Olga usufruíam do seu último dia de férias.
A manhã agradável, o clima perfeito e o céu salpicado com poucas nuvens e de
um azul-turquesa ao fundo são uma aquarela a valorizar a paisagem e um convite para
se envolver e desfrutar da manhã. A temperatura de 15°C anima o casal, que acorda
cedo para aproveitar o penúltimo dia de férias na Cidade Luz.
Haviam deixado para esse dia o passeio que consideravam mais relevante. O
clima cooperava para a maratona cultural programada, já que era uma estação perfeita
para quem está de férias num país visto como símbolo da democracia no mundo.
O casal toma café no Pax Hotel e eles conversam bastante, enquanto fazem a
degustação do Pan au Chocolat.
Olga diz:
– Malone, meu querido, sempre que está em Paris você acorda disposto e está
com uma cara de felicidade esta manhã! Parece que há uma energia boa emanando de
você. Não vai me dizer que tudo isso é fruto da nossa noite de amor ou é só o passeio
que está mexendo com você?
– Sabe, Olga, você tem sempre razão. Os anos passam e tanto você quanto Paris
ainda me revigoram e me enchem de amor e desejo – respondeu Malone.
Depois, com um sorriso e um beijo na face delicada da esposa, Malone completa
dizendo:
– Você adora Paris, Olga, e eu adoro você! Também vejo que você está mais
saltitante e até parece uma bailarina do Bolshoi!
– Continue massageando o meu ego, quem sabe eu não o retribua mais tarde –
insinuou-se Olga.
Prosseguindo, continuou ela:
– Mas como não gostar, meu Don Juan? O clima desta cidade faz cócegas
também no seu ego e você fica parecendo um adolescente com toda essa energia que
chega a me assustar. Te pergunto: como evitar todo esse clima afrodisíaco se aqui se
come bem, se respira democracia, o ar está impregnado de cultura, há museus por toda
parte, o passado está presente e o futuro se concretiza dia após dia? A violência não está
presente no cotidiano desta cidade nem a corrupção não se estabelece como meio de
enriquecimento ilícito. Tudo isso nos deixa com certa leveza no ser

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

TRAPAÇAS DO DESTINO CAUSA E EFEITO


Segunda-feira, 23 de dezembro de 1963, 13h
A jovem caminhava lentamente na Praça Tiradentes, e alguns pombos brancos alçavam voo sobre sua cabeça.Ela parou indecisa em frente ao teatro Carlos Gomes, sem a noção exata para onde seguir. Seus pés doíam dentro do seu sapato Anabela gasto e com o salto deformado, que lhe tirava o equilíbrio. Ela ficou por alguns segundos parada na esquina pensando para onde ir, e estava tão distraída com seus pensamentos confusos que não percebeu a aproximação de um senhor de terno escuro e gravata branca e sapatos bicolor, com seu perfume barato exalando pelos poros e olhar matreiro sobre ela. Sem que ela percebesse, num gesto sutil, ele a segurou pelo braço, puxando-a para perto dele.
Numa abordagem direta, ele lhe ofereceu dinheiro para fazer um programa e acompanhá-lo até o hotel mais próximo dali. Surpreendida com a proposta obscena, ele reagiu de forma brusca, demostrando repulsa àquela figura um tanto asquerosa. Ela desvencilhou-se de suas garras e o empurrou com força, jogando-o no chão. Ele levantou-se, e limpou sua roupa com um lenço branco que tirara do bolso traseiro de sua calça molhada. Paralisado com a atitude surpreendente da jovem, ele a olhou com ódio, fazendo menção de agredi-la mas, se acovardou-se ao perceber que um policial o observava do outro lado da rua, então ele esbravejou alguns palavrões ainda no asfalto perto de uma poça-d’água. Irritado e com a face enrubescida de vergonha pelos risos de outros passantes, ele se recompôs e se retirou resolutivo, abraçado a uma suposta prostituta que  veio a seu socorro. Parecendo bajulá-lo, ela tomou o lenço da sua mão e saiu limpando seu terno com o lenço branco. Aproveitando o tumulto à sua volta, a jovem retirou-se em passos apressados e entrou na Rua Sete de Setembro,  sumindo na multidão.

Segunda feira 23 de Dezembro 4h da tarde

No centro da cidade do Rio de Janeiro, o povo vivia a expectativa de novos tempos com a proximidade do ano novo. A politica no país capengava com incertezas e rumores, mas o povo mantinha as esperanças em dias melhores Pois era a semana do Natal, e o espírito cristão e natalino ainda predominava sobre a maioria das pessoas, fazendo com que esquecessem por alguns instantes das agruras do mundo. As lojas estavam enfeitadas para o Natal, com presépios retratando o nascimento do menino Jesus. Nas vitrines das lojas, bolas coloridas e luzes piscavam em ritmo cadenciado nas árvores de natalinas, iluminando o Papai Noel e suas renas em  músicas de Natal ecoava nas ruas, vindo das lojas de nome Rei da Voz e dava o clima festivo do mês de dezembro. “Jingle Bells” era a música que tocava na maioria das lojas do centro da cidade. A multidão aglomerada em busca de novidades se acotovelava nas lojas de discos, pois as vendas de músicas natalinas aumentavam com novos lançamentos e a maiorias dessas pessoas preferia a “Noite Feliz”, escrita em 1818 pelo padre Joseph Mohr e musicada por Franz Gruber”. O clima era contagiante em toda cidade e principalmente nas ruas da Alfândega e Sete de setembro, onde a maioria das loja se concentravam por esse motivo já estavam cheias de homens mulheres e crianças aparentemente felizes, na sua maioria consumidores em busca de presentes. As pessoas se aglomeravam em frente às vitrines de joalherias e a jovem ficava de olhos bem abertos, vidrados e arregalados, admirando os homens comprando colares para suas mulheres ou amantes. Proeminentes senhoras da alta sociedade ávidas por novidades enchiam os magazines do centro da cidade e carregavam a tiracolo suas empregadas para  carregarem suas compras. Na Rua Buenos Aires, as crianças entravam nas lojas de brinquedos eufóricas. Do lado de fora da loja, a jovem enrolada em um cobertor, observava o movimento dos consumidores e sorria  contagiada pelo clima festivo e admirada com suas sacolas e embrulhos de presentes envolto em papel coloridos. Minutos depois, essa mesma jovem estendeu a mão aos clientes que saíam das lojas abarrotadas de presentes, mas eles a ignoravam, reclamando dos números de pedintes nessa data natalina.

Duas horas depois

A noite chegou, as lojas se fecharam e o brilho das luzes  de Natal se apagou. As ruas foram ficando desertas, poucos carros circulavam pela presidente Vargas, e pouco a pouco cidade se apagou. Desiludida, ela caminhava cabisbaixa com um aperto em seu coração, meio perdida na multidão que se aglomerava em pontos de ônibus para retornar às suas casas. Ela seguiu olhando as lojas de roupas infantis que ainda se mantinham acesas, e as vitrines com manequins de crianças vestidas para noite de festas. Seus olhos brilhavam mareados enquanto acariciava sua barriga. As músicas das lojas de discos haviam embalado seus sonhos distantes de sua realidade. Desilusões momentâneas tomaram conta daquela jovem, que experimentava as agruras de viver ao relento

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Trecho do livro O MENINO que QUERIA VOAR

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quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

JOGO SUJO CIDADE DO CRIME

Malone finge não entender a sugestão do secretário e responde:
– Não será necessário, secretário. O museu está fechado para reforma e só deve
ficar pronto dentro de seis meses, e até lá já teremos, provavelmente, recuperado os
quadros.
– Era só uma sugestão prática para acabar com essa dor de cabeça. Porém, já que
você tem certeza de que vai recuperá-los é ótimo. Boas notícias são bem-vindas neste
momento, pode acreditar. Mas o motivo da minha visita, Malone, não está relacionado
às suas investigações. É um assunto de emergência, por isso aguardo você no meu
gabinete. Precisamos conversar em particular daqui a meia hora, Malone – como se
fosse uma ordem o secretário finaliza.
O secretário sai da sala da mesma forma que entrou, sem dar chance ao delegado
de perguntar o motivo da reunião e deixando-o atordoado e sem ação. Fechar a
investigação que ele comandava havia meses era sua prioridade e a reunião de
emergência no gabinete do secretário não poderia vir em pior hora.
Para não perder o foco, Malone recapitula suas últimas ações e vai até seu
computador verificar dados e apontamentos. Confere a agenda para o dia e em seguida
convoca o detetive Ribeiro, que é o investigador especializado nas escutas.
Malone diz:
– Ribeiro, hoje quero que monitore os telefones o dia todo. As escutas são a
chave para acharmos os receptadores, por isso não deixe escapar nada, tudo é
importante. À noite nos encontraremos e você irá me relatar o que foi apurado, depois
traçaremos um plano de ação detalhado.
– Deixa comigo, delegado – responde Ribeiro.
O delegado olha o relógio e constata que meia hora já se passara. Estava na hora
de descobrir o que o secretário queria com tanta pressa. Dois minutos depois, então, ele
se dirige ao gabinete do secretário de segurança.
Aparentemente, Adriano Torres parecia ser um homem reservado e poucos
tinham acesso a ele e quase nunca se ouvia sua voz. Tinha fama de durão e não hesitava
em exonerar alguém com um simples telefonema, embora tal método não fosse
apreciado por todos. Ele não estava desenvolvendo um bom trabalho à frente da
secretaria que comandava e corria o boato de que não passaria daquele ano no cargo. A
inteligência não era seu forte, diziam as más-línguas.
Apesar do equipamento importado para beneficiar o setor de inteligência da
polícia, até aquele momento não havia nenhum resultado relevante que compensasse o

investimento.

APRESENTAÇÃO

https://youtube.com/shorts/qdngHg1eO3M?si=ORq6NhaSUzRvAO5o